O projeto da mega-usina hidrelétrica é bem chamado de Belo Monstro pela garotada de Altamira, pelos ribeirinhos índios e não índios do Xingu paraense e por alguns de nós adultos brancos ainda combatentes da ditadura e da destruição movida pelo capital.
Vai se confirmando o que eu escrevo há anos: mentira em cima de mentira, um dia pode desabar.
O propagandista nazista Goebbels dizia que a mentira sempre repetida torna-se verdade. Mas nem sempre ele acerta.
Quarta feira, dia 14 de abril, começou a circular a notícia de que, mais uma vez, o juiz federal de Altamira, no Pará, Antonio Carlos Campelo, havia acolhido a liminar de uma Ação Civil Pública movida por procuradores federais e determinado a suspensão da Licença Prévia ambiental do projeto Belo Monte, que havia sido concedida pelo IBAMA em fevereiro, e o cancelamento do leilão da eletricidade futura da hipotética usina, marcado para terça-feira, dia 20 de abril, pela Aneel - sim, aquela que merece o nome de Agência dos Negócios da Energia Elétrica.
Segundo o site da UOL na mesma data, "além de suspender a licença prévia e cancelar o leilão, o juiz ordenou que o Ibama se abstenha de emitir nova licença, que a Aneel se abstenha de fazer novo edital e que sejam notificados o BNDES e as empresas Norberto Odebrecht, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Vale do Rio Doce, J. Malucelli Seguradora, Fator Seguradora e a UBF Seguros. A notificação, diz o juiz, é 'para que tomem ciência de que, enquanto não for julgado o mérito da presente demanda, poderão responder por crime ambiental'. As empresas também ficam sujeitas à mesma multa arbitrada contra a Aneel e o Ibama em caso de descumprimento da decisão: R$ 1 milhão, a ser revertido para os povos indígenas afetados."
A reversão dessa decisão judicial pelos advogados do executivo barrageiro lulista-sarneysista a serviço do capital hidrelétrico transnacional seria apenas uma questão de dias.
Como num verdadeiro trem-fantasma de parque de diversão, a cada curva uma surpresa. Nem sempre as informações usadas por um foram percebidas ou utilizadas pelos outros. É o caso da matéria do grande jornalista paraense Lúcio Flavio Pinto, intitulada "Belo Monte: lago cresceu", publicada em seu Jornal Pessoal no. 462 da primeira quinzena de abril: "No EIA-RIMA, a área do reservatório sofre uma ligeira correção para 515 km quadrados. Mas, no edital de licitação da obra, houve um reajuste ainda mais acentuado, para 668 km². A evolução, a parir da primeira versão do novo projeto, já passou de 50%. Embora em valores absolutos a diferença não seja tão expressiva, o percentual é alto demais para que a dança de números transcorra sem explicações. E até mesmo sem cobranças, já que os opositores do projeto não parecem ter observado a mutação".
Meu recado para quem anda articulando mais uma Ação Civil Pública, a qual corre o risco de, como as demais, apenas 'fazer as coisas menos mal feitas', eis um bom motivo para enquadrar o crime de falsidade ideológica, já que a Licença Prévia diz um número e o edital diz outro, e ambos foram paridos pelo mesmo poder. A não ser que se decida que a Agência de Negócios Elétricos não faz parte de nenhum poder...
Bem, do jeito que vai, acabará sendo como a obra de Jirau no rio Madeira, onde, depois de obtidas a Licença Prévia e a Licença de Instalação, as transnacionais barrageiras mudaram o eixo de barramento quase dez quilômetros rio abaixo, o que provocará o alagamento de terras e a expulsão de moradores nunca previstos nem estudados no EIA.
Ou então... Vai dar chabu! Salvo engano excepcional, do qual me redimirei se preciso, as pistas que levam ao chabu geral são:
1. O investimento seria da ordem de 30 bilhões de reais, mas o governo insiste com valores de 18, 19, 22 bilhões, nessa faixa. Ninguém sabe de fato o custo dos canais imensos concretados, 500 metros de largura, 20 metros de profundidade, nem das dezenas de diques laterais que formariam as cinco represinhas dos igarapés afluentes da margem esquerda do Xingu no interior da Volta Grande.
A colunista Miriam Leitão repercutiu isso no dia 10, logo após a desistência das duas maiores empreiteiras em participar do leilão: "Sobre Belo Monte, recaem muitas dúvidas. De toda ordem: financeira, ambiental, de engenharia. Isso é que está assustando investidores. 'Há um canal gigantesco que precisa ser feito, cujo estudo nunca foi feito adequadamente. Não se sabe se esse terreno é 90% pedra e 10% terra, ou o contrário. O custo do canal vai depender da natureza desse terreno', diz Mario Veiga, presidente da PSR".
2. O maior roubo já articulado pelos honoráveis bandidos: seja o que for, nenhum grande banco privado quis entrar, o governo obriga o BNDES a bancar sem os técnicos do banco terem analisado detalhadamente se dá ou não retorno, o governo pressiona agora a Petros, o Funcef e a Previ - fundos de pensão dos petroleiros e dos bancários, há anos sendo dirigidos pela aristocracia cutista, para colocarem a grana, ou melhor, a pensão futura dos trabalhadores e de suas viúvas, sem o devido respaldo de análise de retorno. Enquanto isso, quase todas as grandes empresas seguradoras ficam só olhando e as concorrentes do leilão exigem que o Tesouro Nacional securitize o risco... Nem Al Capone faria tão bem.
Quando até a Miriam Leitão publica no Globo.com artigo intitulado "Na lei ou na marra" é porque o Belo Monstro também virou pauta da imprensa golpista, ou, se quiserem, da campanha serrista. Segundo ela: "Em Belo Monte, prepara-se para fazer concessões maiores para atrair investidores a qualquer preço e iniciar a obra em qualquer contexto jurídico, passando por cima de quaisquer dúvidas ambientais. Isso porque, como disse o presidente: 'Belo Monte será construída'. Talvez seja mesmo, mas antes será preciso cumprir a lei. Na marra, não será possível".
3. O risco geotécnico. Esse é o grande segredo que em 2009 alguns deixaram escapar e que agora parece ter motivado de fato a desistência da Odebrecht e da Camargo Correa, que soa incompreensível sob qualquer outro angulo. A Camargo, com o seu escritório CNEC, está insuflando os projetos no Xingu desde a década de 1970, quando, entre otras cositas, contribuía para a repressão sobre os opositores da ditadura. Mas é o corpo técnico que melhor conhece o projeto e os locais onde seria construído.
Se o risco geotécnico for o motivo, há razões: o piso da Volta Grande é a transição entre o terreno cristalino do planalto central e o terreno aluvionar da planície amazônica, tem trechos de terreno cáustico (com carbonatos de cálcio, frágil, furado, cavernoso), as lajes por onde o riozão se espalha, e às vezes mergulha por debaixo, mostram fraturas rochosas longas, profundas, em forma de mosaico, que são visíveis na morfologia da Volta Grande e talvez sejam bem mais graves por baixo da camada visível.
4. E claro, lá estão de olho os Kaiapó, alguns milhares, que sobreviveram aos massacres seculares, vieram vindo desde o Triângulo Mineiro e o sul de Goiás para o Mato Grosso e o sul do Pará, não tendo agora mais para onde ir. Conhecem os brancos melhor do que nós mesmos, e vão guerrear até morrer.
5. "Last but not least", estão no ar as campanhas do James 'Avatar' Cameron, do cantor Sting e de várias Ongs barulhentas, incluindo os aliados do bispo de Altamira, dom Erwin Krautler, e parte da sua igreja aqui e na Europa. Esse pessoal já monitora os fatos e estrila como nunca dantes ocorreu.
Os demais argumentos dissidentes (pouca energia do rio para tanta potência instalada, mais de vinte mil atingidos sem reassentamento, graves perdas ambientais, audiências públicas manipuladas e sob repressão fardada...) são justos e importantes, mas não o suficiente para fazer o projeto naufragar. Fica a incógnita se a candidatura Dilma naufraga junto ou não.
Por enquanto, a aliança petista-sarneysista, da qual Belo Monstro virou emblema, está somente fazendo água, levando susto a cada curva.
Oswaldo Sevá é professor da Universidade Estadual de Campinas, engenheiro, doutor em Geografia Humana pela Universidade de Paris-I, colaborador dos ameaçados e dos atingidos pelas barragens, estudioso de hidrelétricas há 35 anos e do projeto Belo Monte há 22 anos.
26 de abr. de 2010
24 de abr. de 2010
UOL: Candidato do PSOL, Plínio promete combate a Serra e chama Dilma de “técnica”.
22/04/2010 – 07h00
Guilherme Balza
Do UOL Notícias
Em São Paulo
Fundador do PT e um dos principais ícones da esquerda brasileira, Plínio de Arruda Sampaio, 79, foi eleito pelo PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) para disputar a sucessão presidencial em meio à maior crise vivida pelo partido em seus cinco anos e meio de história. Uma parcela significativa da legenda, liderada pela presidente do partido, Heloísa Helena, defendia a formação de uma coligação encabeçada por Marina Silva, candidata à presidência pelo PV.
A Executiva Nacional do PSOL foi contra esta opção, argumentando que o programa político do PV e as suas alianças nos Estados –sobretudo com o PSDB– divergiam das posições centrais da sigla. Diante da decisão, o grupo da alagoana e da deputada federal Luciana Genro (RS) lançou o nome do goiano Martiniano Cavalcante nas eleições internas.
No início deste mês, a alguns dias do Congresso do partido que definiria o candidato, a página principal do PSOL foi assumidamente “sequestrada” e tirada do ar pelo grupo de Heloísa, sob a alegação que os controladores do site estariam fazendo campanha antecipada para Plínio. O paulista acabou eleito, mas a alagoana, que disputará uma vaga no Senado, já sinalizou que não apoiará o correligionário, se confirmada a sua candidatura.
Em entrevista ao UOL Notícias, Plínio disse que não há qualquer possibilidade de o PSOL escolher outro candidato. O ex-deputado constituinte, cuja candidatura tem apoio de intelectuais como Paulo Arantes, Fábio Konder Comparato, Aziz Ab’Saber e Chico de Oliveira, afirmou que defenderá um programa socialista para o país e que “combaterá fortemente” as candidaturas de Dilma Rousseff e de José Serra.
UOL Notícias – A sua candidatura foi lançada em meio a uma grande crise no PSOL. A Heloísa Helena disse na semana passada, em entrevista ao UOL Notícias, que trabalhará internamente pra aprovar a abertura de um congresso extraordinário que redefinirá a candidatura do partido. O senhor realmente será o candidato do PSOL ou existe a possibilidade de isso mudar?
Plínio de Arruda Sampaio - Nenhuma. Juridicamente e politicamente nenhuma. O PSOL já tem candidato. Inclusive vários dos meus adversários [internos] já declararam apoio.
“Crise” no PSOL
Racha tira apoio de Heloisa Helena a candidato do PSOL na disputa presidencial
Grupo de Heloisa Helena contesta escolha de Plínio como candidato do PSOL
Aproximação de Marina Silva racha comando nacional do PSOL
PSOL rompe aproximação com Marina Silva após aliança PV-PSDB no Rio
UOL Notícias – Como o senhor vê essa crise no PSOL, um partido que nasceu para retomar algumas bandeiras históricas do PT, mas em apenas cinco anos de existência tem um futuro incerto?
Plínio – Todo partido de esquerda tem muita briga. É normal isso. O partido de esquerda é composto por pessoas com ideias programáticas, valores. Nos partidos de direita o conflito político é conduzido de outra maneira, por baixo dos panos. Eles têm interesses, que são mais fáceis de conciliar. Agora, quando o assunto é definir uma linha programática, é mais difícil do que unir interesses.
UOL Notícias – Pela força do nome e o desempenho em 2006, a escolha de Heloísa Helena para a disputa presidencial era a opção favorita das principais lideranças do PSOL e também de outros partidos. Se ela voltar atrás e resolver se candidatar, o senhor retiraria sua candidatura?
Plínio – Nessas alturas isso é impossível. Ela quer se eleger senadora. Teve todas as chances de se candidatar à presidência, mas ela não quis.
UOL Notícias – Qual a sua expectativa para as eleições nos Estados. Acredita que o PSOL elegerá senadores e deputados?
Plínio - Somos um partido pequeno. Eu, que fundei o PT, sei o que são os primeiros anos de uma sigla. Nos primeiros cinco anos do PT não elegemos ninguém. Colocamos candidatos para serem vistos, mas não elegemos ninguém, isso numa época em que o movimento de massas era muito grande. Isso [o movimento de massas] está anestesiado, mas se fizermos uma boa campanha, já é um avanço político.
UOL Notícias – Em 2006, o senhor conquistou uma boa parte do eleitorado na reta final, obtendo uma votação razoável para um partido pequeno, eleitoralmente falando. Quais as pretensões e os objetivos de sua candidatura nesse ano?
Plínio – Vou fazer a mesma coisa. Sou cavalo de chegada. Devagarinho no começo e com chegada forte no final.
UOL Notícias – O senhor já disse que sua candidatura é uma espécie de “anticandidatura” para apontar um caminho aos que não concordam com os programas do PT e do PSDB e não tem a ambição de se eleger. Mas, se acontecer o improvável e o senhor for eleito, quais os rumos tentará dar ao país?
Todo mundo sabe que eu sou um socialista. Se eu for eleito o socialismo irá avançar no país.
UOL Notícias – Neste ano dificilmente haverá uma frente de esquerda, com PSOL, PCB e PSTU, como ocorreu em 2008. O senhor trabalhará para compor a frente?
Plínio – Já estou trabalhando fortemente. Seria extremamente importante nos unir, inclusive para diminuir essa ideia de que a esquerda é dividida. Não perdi as esperanças. Vamos tentar unir os socialistas.
UOL Notícias – O senhor é amigo pessoal de Serra e foi um dos principais ícones da história do PT, o partido de Dilma. Como o senhor avalia os programas das duas candidaturas e a atuação de ambos nos últimos cargos que ocuparam?
Plínio – Eu sempre separei amizade de política. Eu sou amigo do Serra, mas vou combatê-lo. Ele está errado, fazendo uma política de direita, contra o povo, e eu vou enfrentá-lo fortemente.
UOL Notícias – E com relação à Dilma?
Plínio – Eu não conheço essa senhora. Nunca a vi. Ela não é uma figura clássica da política. Ela se tornou uma técnica, fez um trabalho técnico, e voltou pra política. Se ela for defender o governo Lula, e é óbvio que ela o fará, vou combatê-la fortemente. Ele [o Lula] é um desastre para o povo brasileiro. Veja o que aconteceu hoje (anteontem, quando a entrevista foi feita, foi realizado o leilão para a instalação da usina de Belo Monte, no sul do Pará). Essa usina vai ser construída em um lugar que não tem demanda. Vai ser necessária uma linha de transmissão de mais de 1.000 km para chegar no primeiro centro consumidor, sendo que há no vale do rio São Francisco muita energia para ser explorada. Belo Monte vai demorar 10 anos para ser construída e vai custar R$ 30 bilhões do dinheiro do povo brasileiro. Além disso, será um desastre para os povos locais e para o meio ambiente.
Apoios a Plínio de Arruda Sampaio
Grupo de intelectuais critica PT, PSDB e Marina e lança Plínio Sampaio para Presidência
Parlamentares do PSOL lançam manifesto de apoio à pré-candidatura de Plínio ao Planalto
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Página das Eleições 2010
UOL Notícias – O senhor apoiaria o Serra ou a Dilma no segundo turno?
Plínio - Não. Um candidato de esquerda não pode votar numa candidatura de direita. Se Serra e Dilma forem ao segundo turno não teremos opção. Eu proporei ao partido que votemos nulo. O partido que vai decidir, mas acredito que nós temos que marcar uma posição de protesto contra os dois.
UOL Notícias – Como o senhor enxerga a candidatura de Marina Silva, à qual o seu partido cogitou dar apoio?
Plínio – A Marina é ecologista, mas não se posiciona como socialista. Ela defende a ecologia até o ponto que o capitalismo deixa. Quando o capitalismo não deixa, ela cede. No caso dos transgênicos, na transposição do rio São Francisco e na destruição da floresta Amazônica foi assim. Esse é o problema do “ecocapitalismo”: quando mexe no lucro, ele não enfrenta o capitalismo. E a Marina não tem uma posição frontal quanto a isso. E é por isso que as bases do nosso partido escolheram não apoiar a candidatura dela.
UOL Notícias – O senhor aceitará dinheiro de empresas privadas para o financiamento da sua campanha, como ocorreu com a sua companheira de partido Luciana Genro, que recebeu R$ 100 mil da Gerdau em 2008, na disputa pela prefeitura de Porto Alegre?
Plínio - Não. Temos uma decisão do partido que diz que não se pode receber dinheiro da empresa privada. Não vamos receber dinheiro de empresa privada. Vamos receber contribuições de pessoas físicas. Se um empresário fisicamente quiser contribuir, poderá, mas com pouco dinheiro. Mas não acho que isso vai acontecer. Vamos financiar a campanha com o dinheiro dos nossos militantes.
UOL Notícias – Na sua visão, o financiamento das campanhas eleitorais deve obedecer quais regras?
Plínio - Se vivêssemos em uma democracia, o financiamento de campanha seria público, com o Estado pagando a mesma coisa para cada candidato. Se todos tivéssemos o mesmo financiamento e o mesmo tempo de televisão, aí eu queria ver se o Serra e a Dilma teriam 30% das intenções de voto e nós estaríamos lá embaixo.
Guilherme Balza
Do UOL Notícias
Em São Paulo
Fundador do PT e um dos principais ícones da esquerda brasileira, Plínio de Arruda Sampaio, 79, foi eleito pelo PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) para disputar a sucessão presidencial em meio à maior crise vivida pelo partido em seus cinco anos e meio de história. Uma parcela significativa da legenda, liderada pela presidente do partido, Heloísa Helena, defendia a formação de uma coligação encabeçada por Marina Silva, candidata à presidência pelo PV.
A Executiva Nacional do PSOL foi contra esta opção, argumentando que o programa político do PV e as suas alianças nos Estados –sobretudo com o PSDB– divergiam das posições centrais da sigla. Diante da decisão, o grupo da alagoana e da deputada federal Luciana Genro (RS) lançou o nome do goiano Martiniano Cavalcante nas eleições internas.
No início deste mês, a alguns dias do Congresso do partido que definiria o candidato, a página principal do PSOL foi assumidamente “sequestrada” e tirada do ar pelo grupo de Heloísa, sob a alegação que os controladores do site estariam fazendo campanha antecipada para Plínio. O paulista acabou eleito, mas a alagoana, que disputará uma vaga no Senado, já sinalizou que não apoiará o correligionário, se confirmada a sua candidatura.
Em entrevista ao UOL Notícias, Plínio disse que não há qualquer possibilidade de o PSOL escolher outro candidato. O ex-deputado constituinte, cuja candidatura tem apoio de intelectuais como Paulo Arantes, Fábio Konder Comparato, Aziz Ab’Saber e Chico de Oliveira, afirmou que defenderá um programa socialista para o país e que “combaterá fortemente” as candidaturas de Dilma Rousseff e de José Serra.
UOL Notícias – A sua candidatura foi lançada em meio a uma grande crise no PSOL. A Heloísa Helena disse na semana passada, em entrevista ao UOL Notícias, que trabalhará internamente pra aprovar a abertura de um congresso extraordinário que redefinirá a candidatura do partido. O senhor realmente será o candidato do PSOL ou existe a possibilidade de isso mudar?
Plínio de Arruda Sampaio - Nenhuma. Juridicamente e politicamente nenhuma. O PSOL já tem candidato. Inclusive vários dos meus adversários [internos] já declararam apoio.
“Crise” no PSOL
Racha tira apoio de Heloisa Helena a candidato do PSOL na disputa presidencial
Grupo de Heloisa Helena contesta escolha de Plínio como candidato do PSOL
Aproximação de Marina Silva racha comando nacional do PSOL
PSOL rompe aproximação com Marina Silva após aliança PV-PSDB no Rio
UOL Notícias – Como o senhor vê essa crise no PSOL, um partido que nasceu para retomar algumas bandeiras históricas do PT, mas em apenas cinco anos de existência tem um futuro incerto?
Plínio – Todo partido de esquerda tem muita briga. É normal isso. O partido de esquerda é composto por pessoas com ideias programáticas, valores. Nos partidos de direita o conflito político é conduzido de outra maneira, por baixo dos panos. Eles têm interesses, que são mais fáceis de conciliar. Agora, quando o assunto é definir uma linha programática, é mais difícil do que unir interesses.
UOL Notícias – Pela força do nome e o desempenho em 2006, a escolha de Heloísa Helena para a disputa presidencial era a opção favorita das principais lideranças do PSOL e também de outros partidos. Se ela voltar atrás e resolver se candidatar, o senhor retiraria sua candidatura?
Plínio – Nessas alturas isso é impossível. Ela quer se eleger senadora. Teve todas as chances de se candidatar à presidência, mas ela não quis.
UOL Notícias – Qual a sua expectativa para as eleições nos Estados. Acredita que o PSOL elegerá senadores e deputados?
Plínio - Somos um partido pequeno. Eu, que fundei o PT, sei o que são os primeiros anos de uma sigla. Nos primeiros cinco anos do PT não elegemos ninguém. Colocamos candidatos para serem vistos, mas não elegemos ninguém, isso numa época em que o movimento de massas era muito grande. Isso [o movimento de massas] está anestesiado, mas se fizermos uma boa campanha, já é um avanço político.
UOL Notícias – Em 2006, o senhor conquistou uma boa parte do eleitorado na reta final, obtendo uma votação razoável para um partido pequeno, eleitoralmente falando. Quais as pretensões e os objetivos de sua candidatura nesse ano?
Plínio – Vou fazer a mesma coisa. Sou cavalo de chegada. Devagarinho no começo e com chegada forte no final.
UOL Notícias – O senhor já disse que sua candidatura é uma espécie de “anticandidatura” para apontar um caminho aos que não concordam com os programas do PT e do PSDB e não tem a ambição de se eleger. Mas, se acontecer o improvável e o senhor for eleito, quais os rumos tentará dar ao país?
Todo mundo sabe que eu sou um socialista. Se eu for eleito o socialismo irá avançar no país.
UOL Notícias – Neste ano dificilmente haverá uma frente de esquerda, com PSOL, PCB e PSTU, como ocorreu em 2008. O senhor trabalhará para compor a frente?
Plínio – Já estou trabalhando fortemente. Seria extremamente importante nos unir, inclusive para diminuir essa ideia de que a esquerda é dividida. Não perdi as esperanças. Vamos tentar unir os socialistas.
UOL Notícias – O senhor é amigo pessoal de Serra e foi um dos principais ícones da história do PT, o partido de Dilma. Como o senhor avalia os programas das duas candidaturas e a atuação de ambos nos últimos cargos que ocuparam?
Plínio – Eu sempre separei amizade de política. Eu sou amigo do Serra, mas vou combatê-lo. Ele está errado, fazendo uma política de direita, contra o povo, e eu vou enfrentá-lo fortemente.
UOL Notícias – E com relação à Dilma?
Plínio – Eu não conheço essa senhora. Nunca a vi. Ela não é uma figura clássica da política. Ela se tornou uma técnica, fez um trabalho técnico, e voltou pra política. Se ela for defender o governo Lula, e é óbvio que ela o fará, vou combatê-la fortemente. Ele [o Lula] é um desastre para o povo brasileiro. Veja o que aconteceu hoje (anteontem, quando a entrevista foi feita, foi realizado o leilão para a instalação da usina de Belo Monte, no sul do Pará). Essa usina vai ser construída em um lugar que não tem demanda. Vai ser necessária uma linha de transmissão de mais de 1.000 km para chegar no primeiro centro consumidor, sendo que há no vale do rio São Francisco muita energia para ser explorada. Belo Monte vai demorar 10 anos para ser construída e vai custar R$ 30 bilhões do dinheiro do povo brasileiro. Além disso, será um desastre para os povos locais e para o meio ambiente.
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Plínio - Não. Um candidato de esquerda não pode votar numa candidatura de direita. Se Serra e Dilma forem ao segundo turno não teremos opção. Eu proporei ao partido que votemos nulo. O partido que vai decidir, mas acredito que nós temos que marcar uma posição de protesto contra os dois.
UOL Notícias – Como o senhor enxerga a candidatura de Marina Silva, à qual o seu partido cogitou dar apoio?
Plínio – A Marina é ecologista, mas não se posiciona como socialista. Ela defende a ecologia até o ponto que o capitalismo deixa. Quando o capitalismo não deixa, ela cede. No caso dos transgênicos, na transposição do rio São Francisco e na destruição da floresta Amazônica foi assim. Esse é o problema do “ecocapitalismo”: quando mexe no lucro, ele não enfrenta o capitalismo. E a Marina não tem uma posição frontal quanto a isso. E é por isso que as bases do nosso partido escolheram não apoiar a candidatura dela.
UOL Notícias – O senhor aceitará dinheiro de empresas privadas para o financiamento da sua campanha, como ocorreu com a sua companheira de partido Luciana Genro, que recebeu R$ 100 mil da Gerdau em 2008, na disputa pela prefeitura de Porto Alegre?
Plínio - Não. Temos uma decisão do partido que diz que não se pode receber dinheiro da empresa privada. Não vamos receber dinheiro de empresa privada. Vamos receber contribuições de pessoas físicas. Se um empresário fisicamente quiser contribuir, poderá, mas com pouco dinheiro. Mas não acho que isso vai acontecer. Vamos financiar a campanha com o dinheiro dos nossos militantes.
UOL Notícias – Na sua visão, o financiamento das campanhas eleitorais deve obedecer quais regras?
Plínio - Se vivêssemos em uma democracia, o financiamento de campanha seria público, com o Estado pagando a mesma coisa para cada candidato. Se todos tivéssemos o mesmo financiamento e o mesmo tempo de televisão, aí eu queria ver se o Serra e a Dilma teriam 30% das intenções de voto e nós estaríamos lá embaixo.
13 de abr. de 2010
Plínio se reúne com intelectuais no RJ.
Chico Alencar (de pé), Plínio, Leandro Konder, Carlos Nelson e Milton Temer (foto: Eunice Reis)
Após ser aclamado por unanimidade como pré-candidato à Presidência da República pelo PSOL para disputar as eleições deste ano, Plínio Arruda Sampaio esteve reunido na tarde deste domingo (11 de abril) com intelectuais do porte de Leandro Konder, Carlos Nelson Coutinho e Milton Temer. Também participou da conversa o deputado federal Chico Alencar (PSOL/RJ). Os cinco debateram aspectos do programa e perspectivas da campanha eleitoral deste ano e a importância da candidatura de Plínio para enfrentar a falsa polarização Dilma/PT versus Serra/PSDB e a candidatura que se apresenta como uma terceira via desse mesmo projeto, tendo a frente a senadora Marina Silva/PV.
Milton Temer é parte da comissão política designada pela executiva nacional do PSOL para elaborar a proposta de diretrizes programáticas que serão apresentadas ao PSTU e ao PCB na tentativa de recompor a coligação entre os três partidos, e debatida num seminário programático do PSOL, agendado para maio.
12 de abr. de 2010
A CST e a III Conferência Eleitoral
Os delegados e as delegadas a esta Conferência estão conscientes de que nosso partido passa por uma situação muito crítica, o que aumenta nosso desafio. Desde o II Congresso, quando o setor que ficou em minoria ameaçou rachar e paralisou o evento, até hoje, a unidade do partido está por um fio.
O apoio explícito à Marina Silva por parte de dirigentes colocou o PSOL frente à possibilidade de se converter em força auxiliar de um partido e de uma candidatura que sustenta a política econômica de Lula, assim como a de FHC.
Se essa orientação fosse levada até o fim traria uma conseqüência grave: o fim do PSOL como um partido de esquerda, independente, alternativo dos diferentes blocos dominantes e de seus satélites; o fim do PSOL de combate e radical, comprometido com o resgate das lutas históricas e imediatas do povo trabalhador, traídas pelo PT.
Apesar deste quadro, estamos reunidos nesta III Conferência, com os delegados eleitos, para discutir qual será o candidato que representará o Partido na disputa de outubro. Isto é um triunfo gigantesco, pois significa que, no PSOL, há resistência, há reservas políticas e morais. Há um setor de dirigentes, uma maioria na base, a qual não aceita transformar o partido em uma legenda eleitoreira, que não aceita negociar seu programa e seus princípios para tentar obter, a qualquer custo, alguma vaga parlamentar. E os que defendem essa posição estão empenhados em que o partido tenha êxito também nas disputas eleitorais, ponto de apoio para nossa luta cotidiana no movimento social.
Há resistência e a firme decisão de milhares de militantes em manter a independência política e financeira do partido, exigindo que seu Estatuto seja cumprido. Não aceitando doações de empresas como a da multinacional GERDAU, ou da fabricante de armamentos TAURUS. E felizmente há uma maioria que não aceita fraudes para forjar uma pretensa e auto-intitulada “maioria” que não corresponde à realidade atual do partido.
A crise que vive o PSOL não é só de método e de procedimentos. Trata-se de uma crise política, cuja razão é a tentativa de mudar seu caráter, retroceder em seu programa, alterar seu perfil e, até, sua breve história. Com o discurso de não “se isolar num gueto” um setor de dirigentes, na busca desesperada de resultados eleitorais para seus candidatos, decidiu, novamente, apelando a argumentos falsos ou grosseiramente distorcidos, por métodos característicos de nossos inimigos de classe: financiamento do capitalistas (votado na conferência gaúcha), acordos e alianças sem base política e de princípios, como por exemplo, coligar com partidos da base governista, como agora nas negociações com o PMN no Acre. Somos parte dos que querem que o PSOL ocupe o espaço que existe à esquerda no país, porém não venderemos nossa consciência, não mudaremos nossos princípios, não abandonaremos nosso programa para supostamente conseguir
isso. Quem seguir a linha de tal transformismo já pode visualizar seu futuro na falência do PT e na degeneração de seus dirigentes.
Mudar o caráter do partido significa afastar o PSOL das lutas e das necessidades do povo trabalhador. Significa enterrar a definição marxista de que sem mobilização e luta do movimento de massas nada será conquistado, substituindo-a por um suposto projeto de “poder” baseado no pragmatismo eleitoral e na mera conquista de mandatos, desconectados de nossa classe.
A fração que foi vanguarda na defesa do apoio à Marina e que lançou Martiniano para manter a defesa dessa política, a fração de Heloísa/MES/MTL, atribui à “conjuntura” suas próprias contradições e impotência. Esquecendo que o dever de um revolucionário é a militância permanente para organizar e mobilizar setores do movimento de massas, em qualquer conjuntura, em torno de suas necessidades imediatas, desenvolvendo suas forças na perspectiva de um projeto de poder para que sejam os trabalhadores e o povo os que decidam e governem, de forma independente da burguesia e de seus partidos por meio de novas instituições.
Com o objetivo de proceder a uma mudança tão brutal, adaptada ao regime e ao Estado burguês, é que precisaram apelar aos métodos tradicionais dos partidos da burguesia: a fraude, o vale tudo, o personalismo e o “caudilhismo” por cima das instâncias e das deliberações coletivas da militância.
Mas, é possível afirmar, apesar da grave crise, que conseguimos dar passos à frente, pois não cedemos às chantagens no Congresso, derrotamos à política de apoio à Marina e ao PV, derrotamos o estado de exceção, impedimos o golpe de março e estamos firmes e unidos para impedir a fraude e outras manobras.
Nesta caminhada, a candidatura de Babá apresentou, por todos os lados, esta visão e nossas propostas para que o PSOL retome seu rumo, seu projeto fundacional: ser uma alternativa de esquerda e de classe frente à traição de Lula e à falsa oposição da direita tradicional. Uma alternativa de poder para o povo trabalhador brasileiro, de ruptura com a ordem estabelecida.
E neste percurso, conforme Babá expressou na reunião do DN de Abril, tivemos a imensa alegria de andar lado a lado com o companheiro Plínio de Arruda Sampaio, também pré-candidato à Presidência e apoiado por uma maioria expressiva de nossa militância.
Ao afirmar que caminhamos lado a lado ressaltamos de forma coerente que temos importantes debates a fazer com Plínio e muitos dos que o apóiam. Temos, sim, divergências, por exemplo, com o Programa Democrático e Popular que reivindicam os companheiros da APS, e com o marco de alianças que sempre defenderam. Mas, é preciso saber reconhecer como revolucionários quais as tarefas inadiáveis em cada momento. Na defesa de nosso partido frente à tentativa de desfiguramento, estivemos junto com Plínio, com quem destacamos dois acordos fundamentais: tanto Babá, quanto Plínio, rejeitaram o apoio à Marina/PV e defenderam a candidatura própria, assim como rejeitaram o método do vale tudo e da fraude para impor sua visão e seu nome ao partido. Ambos defendem a democracia partidária e o respeito as minorias internas.
A CST incessantemente afirmou que essas são questões de vital importância para o futuro partidário. São pontos de partida com os quais, se conseguirmos ser consequentes, se poderá reafirmar o PSOL e ajudá-lo a retomar o rumo, encarando as divergências políticas num marco fraterno, sem chantagens e fracionalismo permanente.
Para fortalecer a unidade, votaremos Plínio Presidente
Para fortalecer esta perspectiva, e reconhecendo hoje nossa votação minoritária, a CST decidiu retirar sua candidatura, materializada no companheiro Babá, agradecendo a toda a militância o apoio e o carinho demonstrado, para chamar à delegação que nos representa a votar na candidatura do companheiro Plínio.
Estamos seguros e confiantes ao dar este passo. Assim, podemos fortalecer a candidatura que é, hoje, majoritária na base do partido, e melhor pode unificá-lo. Assim poderemos fomentar uma campanha eleitoral que apresente o PSOL, suas propostas e candidatos, sem subterfúgios e sem necessidade de pactos e acordos espúrios que só debilitarão a luta por construir uma ferramenta política de classe para os trabalhadores.
Damos este passo para fortalecer uma alternativa unitária. Para junto com Plínio lutar por uma política que denuncie a falsa polarização que pretendem apresentar entre Dilma e Serra e, igualmente, alertar que Marina não é alternativa, mas continuidade. Estamos com Plínio Presidente para apresentar uma opção que não se renda à popularidade do Presidente, que denuncie a gigantesca crise social do Brasil de Lula, como vemos, agora, em Niterói. Para que nosso candidato chame o povo a lutar e se mobilizar em busca de soluções de fundo, que coloque nossa campanha eleitoral a serviço das necessidades do povo brasileiro e não de projetos de poder e prestígio individual.
Ao lado de Plínio desejamos conformar a Frente de Esquerda (PSTU, PCB e os movimento sociais classistas) como nosso único arco de aliança em todo o país; construir uma nova ferramenta de luta para a classe trabalhadora por meio do CONCLAT e fortalecer as lutas populares.
Conjuntamente desejamos rechaçar o dinheiro da patronal nas campanhas do PSOL e garantir que não existam campanhas estadualizadas e nem “dobradinhas” informais com Marina-PV.
Votamos no camarada Plínio para seguir defendendo a CPI da dívida impulsionada pelo PSOL, a auditoria com suspensão do pagamento dos juros e amortizações, canalizado esses recursos para as áreas sociais. Para combater a falsa democracia dos ricos e da corrupção, com seus mensalões e compra de legendas por meio do financiamento privado de campanha. Para conquistar soberania nacional, combatendo o sub-imperialismo das multinacionais e do governo do Lula e reestatizando setores estrategicos de nosso economia.
Corrente Socialista dos Trabalhadores – 10 de Abril de 2010
Rubens Teixeira
Direção Estadual do PSOL-MG
CST - Corrente Socialista dos Trabalhadores - PSOL
Coordenação Nacional de Lutas Sociais - CONLUTAS
O apoio explícito à Marina Silva por parte de dirigentes colocou o PSOL frente à possibilidade de se converter em força auxiliar de um partido e de uma candidatura que sustenta a política econômica de Lula, assim como a de FHC.
Se essa orientação fosse levada até o fim traria uma conseqüência grave: o fim do PSOL como um partido de esquerda, independente, alternativo dos diferentes blocos dominantes e de seus satélites; o fim do PSOL de combate e radical, comprometido com o resgate das lutas históricas e imediatas do povo trabalhador, traídas pelo PT.
Apesar deste quadro, estamos reunidos nesta III Conferência, com os delegados eleitos, para discutir qual será o candidato que representará o Partido na disputa de outubro. Isto é um triunfo gigantesco, pois significa que, no PSOL, há resistência, há reservas políticas e morais. Há um setor de dirigentes, uma maioria na base, a qual não aceita transformar o partido em uma legenda eleitoreira, que não aceita negociar seu programa e seus princípios para tentar obter, a qualquer custo, alguma vaga parlamentar. E os que defendem essa posição estão empenhados em que o partido tenha êxito também nas disputas eleitorais, ponto de apoio para nossa luta cotidiana no movimento social.
Há resistência e a firme decisão de milhares de militantes em manter a independência política e financeira do partido, exigindo que seu Estatuto seja cumprido. Não aceitando doações de empresas como a da multinacional GERDAU, ou da fabricante de armamentos TAURUS. E felizmente há uma maioria que não aceita fraudes para forjar uma pretensa e auto-intitulada “maioria” que não corresponde à realidade atual do partido.
A crise que vive o PSOL não é só de método e de procedimentos. Trata-se de uma crise política, cuja razão é a tentativa de mudar seu caráter, retroceder em seu programa, alterar seu perfil e, até, sua breve história. Com o discurso de não “se isolar num gueto” um setor de dirigentes, na busca desesperada de resultados eleitorais para seus candidatos, decidiu, novamente, apelando a argumentos falsos ou grosseiramente distorcidos, por métodos característicos de nossos inimigos de classe: financiamento do capitalistas (votado na conferência gaúcha), acordos e alianças sem base política e de princípios, como por exemplo, coligar com partidos da base governista, como agora nas negociações com o PMN no Acre. Somos parte dos que querem que o PSOL ocupe o espaço que existe à esquerda no país, porém não venderemos nossa consciência, não mudaremos nossos princípios, não abandonaremos nosso programa para supostamente conseguir
isso. Quem seguir a linha de tal transformismo já pode visualizar seu futuro na falência do PT e na degeneração de seus dirigentes.
Mudar o caráter do partido significa afastar o PSOL das lutas e das necessidades do povo trabalhador. Significa enterrar a definição marxista de que sem mobilização e luta do movimento de massas nada será conquistado, substituindo-a por um suposto projeto de “poder” baseado no pragmatismo eleitoral e na mera conquista de mandatos, desconectados de nossa classe.
A fração que foi vanguarda na defesa do apoio à Marina e que lançou Martiniano para manter a defesa dessa política, a fração de Heloísa/MES/MTL, atribui à “conjuntura” suas próprias contradições e impotência. Esquecendo que o dever de um revolucionário é a militância permanente para organizar e mobilizar setores do movimento de massas, em qualquer conjuntura, em torno de suas necessidades imediatas, desenvolvendo suas forças na perspectiva de um projeto de poder para que sejam os trabalhadores e o povo os que decidam e governem, de forma independente da burguesia e de seus partidos por meio de novas instituições.
Com o objetivo de proceder a uma mudança tão brutal, adaptada ao regime e ao Estado burguês, é que precisaram apelar aos métodos tradicionais dos partidos da burguesia: a fraude, o vale tudo, o personalismo e o “caudilhismo” por cima das instâncias e das deliberações coletivas da militância.
Mas, é possível afirmar, apesar da grave crise, que conseguimos dar passos à frente, pois não cedemos às chantagens no Congresso, derrotamos à política de apoio à Marina e ao PV, derrotamos o estado de exceção, impedimos o golpe de março e estamos firmes e unidos para impedir a fraude e outras manobras.
Nesta caminhada, a candidatura de Babá apresentou, por todos os lados, esta visão e nossas propostas para que o PSOL retome seu rumo, seu projeto fundacional: ser uma alternativa de esquerda e de classe frente à traição de Lula e à falsa oposição da direita tradicional. Uma alternativa de poder para o povo trabalhador brasileiro, de ruptura com a ordem estabelecida.
E neste percurso, conforme Babá expressou na reunião do DN de Abril, tivemos a imensa alegria de andar lado a lado com o companheiro Plínio de Arruda Sampaio, também pré-candidato à Presidência e apoiado por uma maioria expressiva de nossa militância.
Ao afirmar que caminhamos lado a lado ressaltamos de forma coerente que temos importantes debates a fazer com Plínio e muitos dos que o apóiam. Temos, sim, divergências, por exemplo, com o Programa Democrático e Popular que reivindicam os companheiros da APS, e com o marco de alianças que sempre defenderam. Mas, é preciso saber reconhecer como revolucionários quais as tarefas inadiáveis em cada momento. Na defesa de nosso partido frente à tentativa de desfiguramento, estivemos junto com Plínio, com quem destacamos dois acordos fundamentais: tanto Babá, quanto Plínio, rejeitaram o apoio à Marina/PV e defenderam a candidatura própria, assim como rejeitaram o método do vale tudo e da fraude para impor sua visão e seu nome ao partido. Ambos defendem a democracia partidária e o respeito as minorias internas.
A CST incessantemente afirmou que essas são questões de vital importância para o futuro partidário. São pontos de partida com os quais, se conseguirmos ser consequentes, se poderá reafirmar o PSOL e ajudá-lo a retomar o rumo, encarando as divergências políticas num marco fraterno, sem chantagens e fracionalismo permanente.
Para fortalecer a unidade, votaremos Plínio Presidente
Para fortalecer esta perspectiva, e reconhecendo hoje nossa votação minoritária, a CST decidiu retirar sua candidatura, materializada no companheiro Babá, agradecendo a toda a militância o apoio e o carinho demonstrado, para chamar à delegação que nos representa a votar na candidatura do companheiro Plínio.
Estamos seguros e confiantes ao dar este passo. Assim, podemos fortalecer a candidatura que é, hoje, majoritária na base do partido, e melhor pode unificá-lo. Assim poderemos fomentar uma campanha eleitoral que apresente o PSOL, suas propostas e candidatos, sem subterfúgios e sem necessidade de pactos e acordos espúrios que só debilitarão a luta por construir uma ferramenta política de classe para os trabalhadores.
Damos este passo para fortalecer uma alternativa unitária. Para junto com Plínio lutar por uma política que denuncie a falsa polarização que pretendem apresentar entre Dilma e Serra e, igualmente, alertar que Marina não é alternativa, mas continuidade. Estamos com Plínio Presidente para apresentar uma opção que não se renda à popularidade do Presidente, que denuncie a gigantesca crise social do Brasil de Lula, como vemos, agora, em Niterói. Para que nosso candidato chame o povo a lutar e se mobilizar em busca de soluções de fundo, que coloque nossa campanha eleitoral a serviço das necessidades do povo brasileiro e não de projetos de poder e prestígio individual.
Ao lado de Plínio desejamos conformar a Frente de Esquerda (PSTU, PCB e os movimento sociais classistas) como nosso único arco de aliança em todo o país; construir uma nova ferramenta de luta para a classe trabalhadora por meio do CONCLAT e fortalecer as lutas populares.
Conjuntamente desejamos rechaçar o dinheiro da patronal nas campanhas do PSOL e garantir que não existam campanhas estadualizadas e nem “dobradinhas” informais com Marina-PV.
Votamos no camarada Plínio para seguir defendendo a CPI da dívida impulsionada pelo PSOL, a auditoria com suspensão do pagamento dos juros e amortizações, canalizado esses recursos para as áreas sociais. Para combater a falsa democracia dos ricos e da corrupção, com seus mensalões e compra de legendas por meio do financiamento privado de campanha. Para conquistar soberania nacional, combatendo o sub-imperialismo das multinacionais e do governo do Lula e reestatizando setores estrategicos de nosso economia.
Corrente Socialista dos Trabalhadores – 10 de Abril de 2010
Rubens Teixeira
Direção Estadual do PSOL-MG
CST - Corrente Socialista dos Trabalhadores - PSOL
Coordenação Nacional de Lutas Sociais - CONLUTAS
10 de abr. de 2010
PSOL aclama Plínio Arruda Sampaio para disputar a Presidência da República
O promotor público aposentado Plínio Arruda Sampaio, 79, foi eleito no final da tarde deste sábado como o pré-candidato do PSOL à Presidência da República nas eleições deste ano. Sampaio recebeu todos os votos dos 89 delegados presentes à 3a Conferência Eleitoral Nacional. A decisão unânime confirma as expectativas criadas após a declaração de apoio da maioria dos parlamentares do partido à pré-candidatura de Plínio e as manifestações prévias de voto de pelo menos 78 dos 162 delegados eleitos nas conferências estaduais.
O ex-deputado federal Babá, que também concorria à indicação, decidiu, no último momento, retirar sua candidatura e chamou seus apoiadores a votarem em Plínio. Martiniano Cavalcante e os delegados que votariam nele como representante do PSOL não compareceram ao evento e sua candidatura, portanto, foi considerada retirada.
Para Plínio, o debate socialista enfrenta um dos momentos mais difíceis de sua história no Brasil, diante da sacralização da figura de Lula no conjunto da população. “O desafio é criar o consenso entre os excluídos e consciência política para enfrentar o capitalismo”, disse.
Entre os pontos que o PSOL deve defender na campanha, que pretende fazer o contraponto à falsa polarização entre PT e PSDB, estão: o fim do pagamento dos juros e a auditoria da dívida pública; a implementação de um verdadeiro programa de reforma agrária, incorporando o estabelecimento de um limite de 1000 hectares para as propriedades rurais; uma política de reforma urbana que tenha como base a desapropriação dos imóveis desocupados para especulação imobiliária no país; o combate à privatização das florestas, à transposição do Rio São Francisco, à construção da usina de Belo Monte e aos transgênicos; entre outros.
“Esta é uma hora histórica. Somos contra o sistema, queremos transformar a realidade. Este é o nosso desafio nesta campanha: falar a verdade e plantar a semente do socialismo em nossa sociedade”, declarou Plínio.
Em relação às alianças para o processo eleitoral, Plínio defendeu a retomada da frente de esquerda, com PCB e PSTU, repetindo a coligação realizada em 2006.
50 anos de vida pública
Com mais de 50 anos de vida pública, Plínio Arruda Sampaio é bacharel em Direito pela USP e mestre em desenvolvimento econômico internacional pela Universidade de Cornell (EUA). Foi deputado federal por três vezes, tendo relatado o projeto de reforma agrária do governo João Goulart. Com o golpe, engrossou a primeira lista de cassados e foi para o exílio. À época, o cargo de promotor público que exercia desde 1954 também foi cassado – só sendo reconhecido novamente em 1984, quando foi anistiado e aposentado. Foi diretor de programas de desenvolvimento da FAO, órgão da ONU para agricultura e alimentação, trabalhando em todos os países da América Latina e Caribe. Um dos fundadores do PT, deputado federal constituinte e candidato a governador em 1990 e em 2006, já pelo PSOL. Atualmente é presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA).
O ex-deputado federal Babá, que também concorria à indicação, decidiu, no último momento, retirar sua candidatura e chamou seus apoiadores a votarem em Plínio. Martiniano Cavalcante e os delegados que votariam nele como representante do PSOL não compareceram ao evento e sua candidatura, portanto, foi considerada retirada.
Para Plínio, o debate socialista enfrenta um dos momentos mais difíceis de sua história no Brasil, diante da sacralização da figura de Lula no conjunto da população. “O desafio é criar o consenso entre os excluídos e consciência política para enfrentar o capitalismo”, disse.
Entre os pontos que o PSOL deve defender na campanha, que pretende fazer o contraponto à falsa polarização entre PT e PSDB, estão: o fim do pagamento dos juros e a auditoria da dívida pública; a implementação de um verdadeiro programa de reforma agrária, incorporando o estabelecimento de um limite de 1000 hectares para as propriedades rurais; uma política de reforma urbana que tenha como base a desapropriação dos imóveis desocupados para especulação imobiliária no país; o combate à privatização das florestas, à transposição do Rio São Francisco, à construção da usina de Belo Monte e aos transgênicos; entre outros.
“Esta é uma hora histórica. Somos contra o sistema, queremos transformar a realidade. Este é o nosso desafio nesta campanha: falar a verdade e plantar a semente do socialismo em nossa sociedade”, declarou Plínio.
Em relação às alianças para o processo eleitoral, Plínio defendeu a retomada da frente de esquerda, com PCB e PSTU, repetindo a coligação realizada em 2006.
50 anos de vida pública
Com mais de 50 anos de vida pública, Plínio Arruda Sampaio é bacharel em Direito pela USP e mestre em desenvolvimento econômico internacional pela Universidade de Cornell (EUA). Foi deputado federal por três vezes, tendo relatado o projeto de reforma agrária do governo João Goulart. Com o golpe, engrossou a primeira lista de cassados e foi para o exílio. À época, o cargo de promotor público que exercia desde 1954 também foi cassado – só sendo reconhecido novamente em 1984, quando foi anistiado e aposentado. Foi diretor de programas de desenvolvimento da FAO, órgão da ONU para agricultura e alimentação, trabalhando em todos os países da América Latina e Caribe. Um dos fundadores do PT, deputado federal constituinte e candidato a governador em 1990 e em 2006, já pelo PSOL. Atualmente é presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA).
6 de abr. de 2010
Conferência tem local e data confirmados.
A III Conferência Nacional Eleitoral do PSOL foi confirmada para os dias 10 e 11 de abril, a partir das 9h, no Auditório da Casa do Estudante Universitário (CEU) da UFRJ. O endereço é Avenida Rui Barbosa, nº 762, Flamengo, Rio de janeiro. Mais informações podem ser obtidas no site do local ( http://www.ceu.ufrj.br/localizacao.htm) ou no site provisório do PSOL (http://www.psol-nacional.com.br/).
3 de abr. de 2010
PSOL: Propriedade de Cúpulas ou da Classe Trabalhadora?
Desde o processo de putrefação do Partido dos Trabalhadores, onde militei por vários anos, chagando ao ápice em 2003 com a formação da equipe de ministros comprometidos diretamente com o capital e especialmente, depois da expulsão dos parlamentares ditos radicais, comecei uma nova empreitada juntamente com diversos sonhadores que acreditavam ser possível fundar um partido para “abrigar a esquerda socialista”. Todos nós acreditávamos que ainda havia jeito para a esquerda brasileira e que poderíamos contribuir com esse encanto.
Não esqueço as diversas vezes que passamos os finais de semana nas belas praias do RN, coletando assinaturas e sendo xingados por aqueles (as) que não acreditam na política e nos partidos, claro, têm seus motivos. Sempre estava eu, minha esposa, meus filhos e mais meia dúzia de obstinados do RN que optavam por militar em detrimento do descanso e do justo lazer nos finais de semana, mas éramos alegres porque acreditávamos e sabíamos muito bem o que estávamos construindo, um partido sério e responsável para manutenção do sonho de vários socialistas espalhados pelo Brasil.
Em todas as oportunidades, as pessoas perguntavam: “esse é o partido da senadora Heloísa Helena?”, e concluíam: “que mulher porreta!!”. Outros ainda questionavam: “será que vocês não serão um novo PT?”. Agradecíamos e dizíamos que se nosso partido se transformasse num novo PT iríamos construir outra coisa, mas desistir nunca.
Assim, conseguimos fundar nosso partido que inclusive, fomos a única delegação a sair de Natal com camisetas propagandeando o P-SOL, quando nem sabíamos qual sigla seria escolhida. Lá em Brasília chegaram cerca de 22 propostas de sigla para os delegados (as) escolherem, enfim, P-SOL foi a sigla escolhida e nossas camisetas ficaram valendo ouro em pó.
Voltamos para o RN com a certeza de que agora sim, vamos construir algo que é nosso e não pertence à cúpula nenhuma. Que alegria!!! Quanta felicidade!!! Depois veio a angústia da legalização junto ao TSE e me lembro muito bem que tinha uma comissão que se revezava às portas do TSE para conseguirmos a legalidade a tempo de concorrer ao pleito de 2006, isso ocorreu e comemoramos muuuuuuito. Até então era meia dúzia de malucos, enquanto outros ainda acreditavam que o PT era importante e tinha jeito, mesmo com o corrupto do Dirceu, Silvinho e cia. Parte desses companheiros chegou depois e ficamos felizes porque nosso exército contra o capital estava se fortalecendo.
Em 2006 estava posto o segundo desafio: Concorrer ao nosso primeiro pleito eleitoral. Agarramos o desafio com a obstinação de sempre, sem grana, sem panfleto, mas com garra e ousadia. Aqui no RN eu mesmo fui o “maluco” a concorrer com as grandes estruturas econômicas, mesmo assim ficamos em terceiro lugar num universo de sete candidatos. Heloísa, quando poderia ter sido re-eleita senadora, abriu mão do mandato, o que não é fácil e não sei se alguém de nós faria isso, encarou o mega desafio de disputar a presidência da república e assim perambulou o Brasil inteiro, sem qualquer estrutura. Quando chegou aqui em Natal, uma numerosa carreata estava lhe aguardando, mas veio de carro da Paraíba e chegou passando mal, indo direto para um hospital de pronto socorro. Mesmo assim, participou da carreata no sol escaldante de Natal, caminhou conosco e d iscursou. Bom, o resto todo mundo já sabe e depois (2008) a companheira teve que ser vereadora em Maceió e ralou pra cacete para ser eleita.
Agora, acertadamente, será candidata ao senado e creio que voltará ao senado e assim, o PSOL voltará a ter visibilidade naquela casa de cretinos.
Posso estar me alongando muito, mas esse resgate é bom para refrescar as cabeças de muita gente que insiste em esquecer nossa história e desrespeitar a vontade da militância séria que existe no partido. Aquela militância que de uma vez por todas esqueceu o PT.
Bom, por ocasião do último congresso do partido, fiquei frustrado quando vi algumas cúpulas se organizando para se aproveitarem do nome da Heloísa para garantir seus mandatos e depois virar as costas para ela e até chamarem de eleitoreira, absurdo. Como isso não ocorreu, a chantagem foi lançada: Se você não quer ajudar a garantir nossos mandatos como candidata a presidente da república, então não serve para ser nossa presidente do PSOL. Incrível!!! Felizmente, o MES e o MTL não pensou duas vezes e reconheceu a história e a importância da Heloísa para o conjunto do partido, afinal, sem personalismo, mas se não fosse Heloísa o PSOL jamais teria a visibilidade e a credibilidade quem AINDA que tem.
Agora, começamos as conferências municipais e estaduais que culminará na nacional. A militância mais uma vez respondeu, desbravou, superou dificuldades e fez o dever de casa. Inesperadamente, uma cúpula partidária, arrogante, despreparada e incapaz, tenta desrespeitar a vontade das bases partidárias e sobrepor sua vontade em detrimento da maioria espalhada pelo Brasil inteiro. Possivelmente, isso ocorra porque a cúpula não conhece a realidade da militância do PSOL, pois optam por se encastelar nos gabinetes refrigerados, nas estruturas. Mais não parou por ai, tiveram a ousadia de excluir a Heloísa da presidência do partido por ocasião da reunião do diretório, quando retiraram seus poderem de assinar cheques, ou seja, rasgaram o estatuto do partido. Será que as cúpulas pensam que podem mais que as bases partidária?
O que vai acontecer eu não sei, mas uma coisa acredito, haverá uma rebelião das bases contra essa cúpula autoritária e de práticas estalinistas. Como filiado e dirigente estadual, não aceito e nem respeito qualquer decisão que comprometa a democracia e a legalidade partidária, isso não tem valor nenhum. Estamos perto de ver os dirigentes de ninguém, enquanto que as bases constroem a política. Também não sei até quando o partido continuará estagnado, sem formular políticas que combatam os ataques do governo Lula e do capital, preferindo a mediocridade das briguinhas internas.
Próximo dia 15 de abril, teremos marcha em Brasília contra o projeto que congela os salários dos servidores públicos por dez anos, a cúpula do PSOL estará presente? A militância estará nas ruas fazendo seu papel. Quem vai falar pelo PSOL?
Diante desse contexto, reivindico que quem não quiser construir o PSOL, por favor, não seja pedra de tropeço. Se a direção dirige nada e ninguém, vamos usar o estatuto e convocar um novo congresso pelas bases e atropelar a burocracia partidária, quem sabe assim possam acordar para a realidade. O PSOL não é patrimônio pessoal de ninguém. A classe trabalhadora espera que nosso partido seja o orientador de suas lutas gerais.
* Sandro Pimentel é fundador do PSOL, presidente estadual da sigla no RN e dirigente nacional, graduado em gestão pública pela UFRN, coordenador geral do SINTEST/RN, dirigente nacional da Fasubra Sindical, representa os técnico-administrativos das universidades públicas e privadas brasileiras na CONAES e é titular do CONSAD/UFRN.
Não esqueço as diversas vezes que passamos os finais de semana nas belas praias do RN, coletando assinaturas e sendo xingados por aqueles (as) que não acreditam na política e nos partidos, claro, têm seus motivos. Sempre estava eu, minha esposa, meus filhos e mais meia dúzia de obstinados do RN que optavam por militar em detrimento do descanso e do justo lazer nos finais de semana, mas éramos alegres porque acreditávamos e sabíamos muito bem o que estávamos construindo, um partido sério e responsável para manutenção do sonho de vários socialistas espalhados pelo Brasil.
Em todas as oportunidades, as pessoas perguntavam: “esse é o partido da senadora Heloísa Helena?”, e concluíam: “que mulher porreta!!”. Outros ainda questionavam: “será que vocês não serão um novo PT?”. Agradecíamos e dizíamos que se nosso partido se transformasse num novo PT iríamos construir outra coisa, mas desistir nunca.
Assim, conseguimos fundar nosso partido que inclusive, fomos a única delegação a sair de Natal com camisetas propagandeando o P-SOL, quando nem sabíamos qual sigla seria escolhida. Lá em Brasília chegaram cerca de 22 propostas de sigla para os delegados (as) escolherem, enfim, P-SOL foi a sigla escolhida e nossas camisetas ficaram valendo ouro em pó.
Voltamos para o RN com a certeza de que agora sim, vamos construir algo que é nosso e não pertence à cúpula nenhuma. Que alegria!!! Quanta felicidade!!! Depois veio a angústia da legalização junto ao TSE e me lembro muito bem que tinha uma comissão que se revezava às portas do TSE para conseguirmos a legalidade a tempo de concorrer ao pleito de 2006, isso ocorreu e comemoramos muuuuuuito. Até então era meia dúzia de malucos, enquanto outros ainda acreditavam que o PT era importante e tinha jeito, mesmo com o corrupto do Dirceu, Silvinho e cia. Parte desses companheiros chegou depois e ficamos felizes porque nosso exército contra o capital estava se fortalecendo.
Em 2006 estava posto o segundo desafio: Concorrer ao nosso primeiro pleito eleitoral. Agarramos o desafio com a obstinação de sempre, sem grana, sem panfleto, mas com garra e ousadia. Aqui no RN eu mesmo fui o “maluco” a concorrer com as grandes estruturas econômicas, mesmo assim ficamos em terceiro lugar num universo de sete candidatos. Heloísa, quando poderia ter sido re-eleita senadora, abriu mão do mandato, o que não é fácil e não sei se alguém de nós faria isso, encarou o mega desafio de disputar a presidência da república e assim perambulou o Brasil inteiro, sem qualquer estrutura. Quando chegou aqui em Natal, uma numerosa carreata estava lhe aguardando, mas veio de carro da Paraíba e chegou passando mal, indo direto para um hospital de pronto socorro. Mesmo assim, participou da carreata no sol escaldante de Natal, caminhou conosco e d iscursou. Bom, o resto todo mundo já sabe e depois (2008) a companheira teve que ser vereadora em Maceió e ralou pra cacete para ser eleita.
Agora, acertadamente, será candidata ao senado e creio que voltará ao senado e assim, o PSOL voltará a ter visibilidade naquela casa de cretinos.
Posso estar me alongando muito, mas esse resgate é bom para refrescar as cabeças de muita gente que insiste em esquecer nossa história e desrespeitar a vontade da militância séria que existe no partido. Aquela militância que de uma vez por todas esqueceu o PT.
Bom, por ocasião do último congresso do partido, fiquei frustrado quando vi algumas cúpulas se organizando para se aproveitarem do nome da Heloísa para garantir seus mandatos e depois virar as costas para ela e até chamarem de eleitoreira, absurdo. Como isso não ocorreu, a chantagem foi lançada: Se você não quer ajudar a garantir nossos mandatos como candidata a presidente da república, então não serve para ser nossa presidente do PSOL. Incrível!!! Felizmente, o MES e o MTL não pensou duas vezes e reconheceu a história e a importância da Heloísa para o conjunto do partido, afinal, sem personalismo, mas se não fosse Heloísa o PSOL jamais teria a visibilidade e a credibilidade quem AINDA que tem.
Agora, começamos as conferências municipais e estaduais que culminará na nacional. A militância mais uma vez respondeu, desbravou, superou dificuldades e fez o dever de casa. Inesperadamente, uma cúpula partidária, arrogante, despreparada e incapaz, tenta desrespeitar a vontade das bases partidárias e sobrepor sua vontade em detrimento da maioria espalhada pelo Brasil inteiro. Possivelmente, isso ocorra porque a cúpula não conhece a realidade da militância do PSOL, pois optam por se encastelar nos gabinetes refrigerados, nas estruturas. Mais não parou por ai, tiveram a ousadia de excluir a Heloísa da presidência do partido por ocasião da reunião do diretório, quando retiraram seus poderem de assinar cheques, ou seja, rasgaram o estatuto do partido. Será que as cúpulas pensam que podem mais que as bases partidária?
O que vai acontecer eu não sei, mas uma coisa acredito, haverá uma rebelião das bases contra essa cúpula autoritária e de práticas estalinistas. Como filiado e dirigente estadual, não aceito e nem respeito qualquer decisão que comprometa a democracia e a legalidade partidária, isso não tem valor nenhum. Estamos perto de ver os dirigentes de ninguém, enquanto que as bases constroem a política. Também não sei até quando o partido continuará estagnado, sem formular políticas que combatam os ataques do governo Lula e do capital, preferindo a mediocridade das briguinhas internas.
Próximo dia 15 de abril, teremos marcha em Brasília contra o projeto que congela os salários dos servidores públicos por dez anos, a cúpula do PSOL estará presente? A militância estará nas ruas fazendo seu papel. Quem vai falar pelo PSOL?
Diante desse contexto, reivindico que quem não quiser construir o PSOL, por favor, não seja pedra de tropeço. Se a direção dirige nada e ninguém, vamos usar o estatuto e convocar um novo congresso pelas bases e atropelar a burocracia partidária, quem sabe assim possam acordar para a realidade. O PSOL não é patrimônio pessoal de ninguém. A classe trabalhadora espera que nosso partido seja o orientador de suas lutas gerais.
* Sandro Pimentel é fundador do PSOL, presidente estadual da sigla no RN e dirigente nacional, graduado em gestão pública pela UFRN, coordenador geral do SINTEST/RN, dirigente nacional da Fasubra Sindical, representa os técnico-administrativos das universidades públicas e privadas brasileiras na CONAES e é titular do CONSAD/UFRN.
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