Teve início neste sábado o Congresso da Classe Trabalhadora (Conclat), na cidade de Santos, São Paulo. A atividade reúne cerca de três mil pessoas, com a participação de convidados de 24 países. Até amanhã (6 de junho) será discutida a criação de uma nova central sindical independente de partidos e governos, autônoma e comprometida com a defesa dos interesses dos trabalhadores. Plínio Arruda Sampaio, pré-candidato à Presidência da República pelo PSOL, havia se comprometido a participar da abertura do evento. Mas um problema familiar o impediu. Por isso Plínio encaminhou ao encontro a carta abaixo.
Prezados camaradas,
Saúdo com grande alegria o Congresso da Classe Trabalhadora – o CONCLAT que realmente está a serviço dos trabalhadores, e não aquele que aconteceu na semana passada, apenas para legitimar a submissão da maioria das centrais sindicais que existem no país, incluindo a CUT, ao governo Lula e o apoio a sua candidata.
As derrotas sofridas pela classe trabalhadora com o avanço da contra-revolução neoliberal causaram, entre muitos prejuízos, a fragmentação da esquerda. Daí a enorme importância do encontro que hoje reúne a Pastoral Operária e as organizações socialistas – Intersindical, Conlutas, MTST, MTL, MAS e outras – no esforço de construção de uma nova central sindical a serviço da classe trabalhadora.
A classe trabalhadora sabe, por experiência própria, que as medidas de “ajuste fiscal” caem sempre sobre as costas dos que criam as riquezas do país pelo seu trabalho.
Neste CONCLAT, os trabalhadores, em um gesto de lucidez e generosidade, estão dando uma lição extraordinária de maturidade política aos partidos socialistas que não se renderam ao governo Lula e à ordem, bem como a toda a sociedade.
Quero, neste momento, empenhar minha integral solidariedade à proposta de criação da nova central sindical no Brasil. Ela dará mais força à pressão operária e será o grande instrumento de ação para intervir até o momento em que, despertadas do sonambulismo em que se encontram imersas, as massas populares decidirem sair às ruas para defender seus direitos.
Oxalá os partidos socialistas, espelhando-se no exemplo de sua base operária, tomassem a decisão de reeditar a Frente de Esquerda de 2006. Gostaria mesmo de dizer que ela é, em 2010, mais necessárias do que na eleição presidencial passada. A direita, aparentemente dividida em três candidaturas, está na realidade bem unida em torno da implementação do modelo neoliberal. Além disso, tudo indica que, a continuar a crise econômica que, avalio, tem caráter estrutural, o “saco de bondades” do governo Lula será substituído pelo saco de maldades do novo governante, seja ele quem for.
Para enfrentar essa ameaça, a esquerda socialista deve apresentar-se com um sólido programa de lutas, construído unitariamente e em total sintonia com as reivindicações e aspirações da classe trabalhadora. Por isso, reafirmo que ainda não desisti da Frente de Esquerda e que ainda há tempo para consolidá-la até o período legal de encerramento das convenções partidárias. A luta pelo socialismo daria também um passo a frente com a unidade política dos partidos socialistas na disputa presidencial deste ano.
Finalizo reiterando meus cumprimentos à nova central ora gestada e desejando todo êxito a esse projeto. Viva o socialismo! Viva a classe trabalhadora! Viva a nova central sindical combativa, autônoma e independente que nasce deste encontro.
São Paulo, 05 de junho de 2010.
Plínio Arruda Sampaio“
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