A Secretaria-Geral da Presidência da República informou nesta segunda-feira
(6) que não irá negociar com índios que invadiram um dos canteiros da obra da
hidrelétrica de Belo Monte (PA), paralisando parcialmente a obra pelo quinto dia
consecutivo.
Ao menos 80% dos 180 índios que invadiram a obra são da etnia mundurucu, de
aldeias situadas ao longo do rio Tapajós, a centenas de quilômetros de distância
de Belo Monte.
Dizem ter uma pauta de reivindicações para o governo federal, como a
regulamentação do mecanismo de consulta prévia sobre obras que interfiram em
terras indígenas, paralisação de obras e estudos de hidrelétricas nos rios
Xingu, Tapajós e Teles Pires, e suspensão do envio de tropas da Força Nacional
de Segurança às comunidades.
No início da tarde de hoje, o índio Cândido Munduruku afirmou que iriam
manter o protesto até que o Planalto enviasse o ministro Gilberto Carvalho
(Secretaria-Geral), responsável pela interlocução com movimentos sociais, para
dialogar com as lideranças.
Por meio de assessoria, a Secretaria-Geral afirmou que os índios munducuru
não são sérios e não querem negociar. Chegou a relacionar um dos líderes do
movimento ao garimpo ilegal no Tapajós, cuja manutenção estaria por trás dos
interesses do grupo.
A assessoria disse ainda que Carvalho se colocou a disposição dos índios por
duas vezes para discutir mecanismos de consulta prévia sobre obras de
hidrelétricas nos rios Tapajós e Teles Pires. Afirmou que os índios chegaram a
viajar a Brasília em fevereiro, custeados pelo Planalto, e não apareceram em
reunião marcada com o ministro --também faltaram, segundo a pasta, a outra
reunião, em abril, em Jacareacanga (PA).
"Eles mudam a regra do jogo na última hora. Não querem negociar e agora
fizeram essa invasão em Belo Monte. Não são sérios e não são honestos", afirmou
o assessor especial do ministério Sérgio Alli.
Ali disse ainda ser "contraditória" a reivindicação dos índios sobre
regulamentação de mecanismos de consulta prévia como determinado pela OIT
(Organização Internacional do Trabalho).
A reportagem entrou em contato com um dos líderes do protesto em Belo Monte,
o índio Cândido Mundurucu, que disse que só irá comentar as afirmações do
governo nesta terça-feira (7).
FONTE: FOLHA.COM
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