Estimulada por integrantes do governo e da oposição, a tentativa de politizar
a investigação sobre o boato do encerramento do Bolsa Família tem prejudicado as
apurações e diligências feitas por agentes da Polícia Federal.
Segundo a Folha apurou, os investigadores reclamam, nos bastidores,
que o viés político do caso dificulta sobretudo a coleta de provas nos Estados
em que houve saques em massa dos benefícios.
Instaurado para descobrir a origem da falsa notícia sobre o fim do programa
social, que teria causado corrida aos bancos nos dias 18 e 19, o inquérito corre
em meio ao acirramento das declarações de conteúdo político.
Já no primeiro dia a ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) escreveu no
Twitter que os boatos "devem" ter sido criados pela oposição ao governo Dilma
Rousseff.
A declaração, embora posteriormente suavizada pela ministra, tem gerado
reações da oposição, que chegou a pressionar o diretor-geral da PF, Leandro
Daiello, para uma solução rápida do caso.
VAIVÉM
Para a corporação, outro fator que causou constrangimento dentro da polícia
foi o desencontro de informações prestadas pela Caixa Econômica Federal
publicamente e para os investigadores.
Em um primeiro momento, o banco afirmou que liberou o benefício antes do
previsto após a confusão provocada pelos boatos e com o único objetivo de
aplacar o pânico dos beneficiários.
Após a Folha revelar que uma dona de casa em Fortaleza (CE) conseguiu
retirar seu pagamento de forma antecipada, o banco admitiu que houve mudança no
calendário de repasses na véspera da eclosão das falsas notícias em 13 Estados
do país.
VARREDURA
A PF tem ouvido pessoas atendidas pelo programa em todos os Estados em que
houve corrida às agências da Caixa. As regiões Norte e Nordeste são os
principais focos da investigação policial por ora.
Os depoimentos têm levado os investigadores a nomes novos, que estão sendo
ouvidos em seguida.
Os agentes esperam chegar à origem da boataria para tentar responder se a
difusão da falsa notícia ocorreu de forma articulada ou não.
LINHA CRUZADA
Investigadores que apuram o envolvimento de empresa de telemarketing no Rio
no caso descobriram que um beneficiário do programa recebeu a suposta ligação em
uma linha telefônica ilegal, procedente do morro do Alemão.
A linha irregular cria obstáculos para o rastreamento da chamada. Para os
investigadores, a suspeita é que o telefonema tenha sido feito por uma central
comunitária instalada na favela.
Uma operadora informou à PF que o telefone do beneficiário cadastrado no
Bolsa Família estava desconectado por falta de pagamento.
O fato de a Caixa ter adiantado o dinheiro é uma das linhas de investigação.
De acordo com os policiais, a antecipação não explica a boataria
generalizada, mas pode ter gerado "ilações" a respeito. Para a PF, o
adiantamento do pagamento pela Caixa pode ter contribuído para o aumento dos
saques.
FONTE: FOLHA.COM
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