A economia cubana enfrenta, hoje, novos desafios como resultado da crise financeira global com um sensível impacto em seu Produto Interno Bruto (PIB), que crescerá este ano, apesar das dificuldades atuais, segundo os cálculos oficiais.
A esses reptos se somam as grandes perdas causadas ao país pelo criminoso bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos há mais de meio século e as consequências da mudança climática.
Deve-se recordar sobre isso, que a ilha teve que enfretar com grandes esforços as consequências de três furacões que a atingiram no segundo semestre de 2008, e as persistentes secas dos últimos anos.
A presente crise econômica mundial gerou ou acentuou em Cuba algumas dificultades, como uma notável queda de suas rendas nas exportações de alguns bens tradicionais.
Por exemplo, o níquel, que chegou a ser cotizado no mercado internacional a 60 mil dólares a tonelada, sofreu uma redução abrupta de até menos de 10 mil dólares, se bem que se recupera ultimamente.
De qualquer forma, o custo dos alimentos adquiridos no exterior, que se elevou com a espiral do preço do petróleo - se aproximou de 150 dólares o barril em 2008 -, e um maior uso de biocombustíveis como carburantes provocaram despesas financeiras sem precedentes para o país.
Não é casual que, para assegurar a cesta básica da população, foram investidos mais de 2.500 milhões de dólares naquele ano, e altas somas tiveram que ser gastas para fazer face à carestía não só dos alimentos, mas também dos fertilizantes e de outros produtos.
Tudo isso explica que o arquipélago se coloque, hoje, como propósitos inmediatos, diminuir as despesas em divisas, mediante uma substituição eficiente das aquisições no exterior, recuperar la capacidade produtiva e elevar a eficácia da gestão.
Também se propõe a fomentar a agricultura, redimensionar sua indústria, reduzir o emprego supérfluo, diminuir o desequilíbrio externo e recobrar a capacidade de pagamentos.
Novidades na política econômica
Entre alguns elementos das mudanças introducidas na direção da política econômica cubana, merecem ser assinalados a atualização do modelo de gestão, que inclui entre outros, o apoio explícito às exportações, a substituição de importações e um maior impulso ao setor produtivo. Recentemente o presidente cubano Raúl Castro se referiu no Parlamento a um grupo de medidas que se implementam na ilha para enfrentar as dificultades e tornar a economia mais eficiente.
É assim que se realizará, por etapas, a redução das estruturas consideravelmente avultadas no setor estatal.
O mandatário explicava a respeito que, numa primeira fase, que se prevê concluir no primeiro trimestre do ano vindouro, se modificará o tratamento laboral e salarial dos trabalhadores disponibilizados e paralizados de um grupo de organismos da administração central do Estado.
Isso sem enfoques paternalistas, que não estimulam a necessidade de trabalhar para viver, e com isso reduzir o gasto improdutivo que está entranhado no pagamento igualitário.
Em virtude de um acordo do Conselho de Ministros, se ampliará o exercício do trabalho por conta própria e a sua utilização como uma alternativa a mais de emprego do pessoal excedente.
Assim se eliminam várias proibições vigentes para o outorgamento de novas licenças e para a comercialização de algumas produções, com maior flexibilização da força laboral.
Também se acordou aplicar um regime tributário para a atividade por conta própria, que responda ao contexto econômico atual e garanta a contribuição à seguridade social.
Todo esse processo tem como elemento essencial que ninguém fique abandonado à própria sorte, numa nação em que o Estado Socialista brinda o apoio necessário e a assistência social a aqueles que realmente estão incapacitados de trabalhar.
Alguns avanços
De outra parte, em meio à adversa cojuntura econômica internacional e a seu inevitável impacto no arquipélago, nas estimativas do primeiro semestre, se observam resultados alentadores na economia.
Por exemplo, como se informou na sessão do Parlamento, no final de julho, aumentou o número de turistas chegados a Cuba, ao mesmo tempo que se cumpriu o fixado para a produção petrolífera.
Além disso, se mantém, e inclusive melhora, o equilíbrio monetário interno. E a produtividade do trabajo reflete um ritmo superior ao salário medio, o que não se lograva há vários anos.
Da mesma maneira, cresceram modestamente as exportações e diminuiu o consumo de energia, a partir do reordenamento do transporte e do resultado de outras medidas de economia.O país, além disso, logrou alguns progressos no alongamento dos prazos de pagamento de dívidas com seus credores.
Perspectivas
A estrutura da economia cubana mudou e, hoje, o papel dos serviços é decisivo nas exportações.
Entretanto, fica ainda um grande potencial por aproveitar, que demanda especial atenção à promoção das vendas ao exterior de serviços técnicos e profissionais.
Terá também que se empenhar mais na busca da diversificação dos ramos em que se labora e explorar novos mercados.
Agilizar procedimentos, descentralizar decisões e controlar seu cumprimento são aspectos fundamentais nestes tempos.
Apesar das dificuldades assinaladas, o comércio exterior de bens desta ilha de economia aberta, continua sendo um mercado atrativo para os empresários forâneos.
O país mantém relações na esfera com mais de três mil companhias estrangeiras dos cinco continentes e seu intercâmbio abarca mais de 170 nações.
Isso se realiza em maior medida com as Américas, em seguida com Europa, Asia e Oriente Médio, e com outras áreas geográficas.
Os dados mais atuais confirmam a Venezuela como o principal sócio comercial de Cuba, seguido pela China, e logo secundado por um grupo de nações, entre elas Rússia, Espanha, Brasil, Canadá e outras.
A nação atualiza seu modelo econômico, despojándo-o de travas obsoletas, para lograr reverter a relação desfavorável entre o incremento da produtividad do trabalho e o salário médio, como condição indispensável para desenvolver uma economia eficiente, num clima político regional muito melhor que o de décadas atrás.
Roberto Salomón é jornallista da Redação Econômica de Prensa Latina.
6 de set. de 2010
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