O Museu da Memória e dos Direitos Humanos é um projeto bicentenário, inaugurado em janeiro de 2010 pela ex-presidenta socialista Michelle Bachelet. Em seus espaços estão guardados registros das violações a direitos humanos ocorridas no Chile entre os anos de 1973 e 1990.
Com a sua criação, buscou-se facilitar à comunidade o conhecimento do que ocorreu no país, reivindicar a dignidade das vítimas, contribuir para a construção de uma sociedade sustentada nos valores da tolerância, da solidariedade, do respeito à diversidade, e impulsionar iniciativas educativas que convidem ao conhecimento e à reflexão. Sua instalação na rua Matucana busca fortalecer o circuito cultural Santiago Poente.
Através de objetos, documentos e arquivos em diferentes suportes e formatos, e uma inovadora proposta visual e sonora, é possível conhecer parte desta história: o golpe de Estado, a repressão dos anos posteriores, a resistência, o exílio, a solidariedade internacional, as políticas de reparação.
O patrimônio de seus arquivos contempla testemunhos orais e escritos, documentos jurídicos, cartas, relatos, produção literária, material de imprensa escrita e audiovisual, longa-metragens, material histórico e fotografias documentais.
Seus espaços para exposições temporárias, a praça de 6 mil metros quadrados, o auditório e as obras de arte que fazem parte de sua arquitetura estão destinadas a converter o museu em uma instituição cultural de primeira importância na cidade de Santiago. Um espaço dinâmico e interativo que resgata a história recente do Chile e se reencontra com a verdade, que cresce e se projeta na promoção de uma cultura de respeito à dignidade das pessoas.
Fundamentos
O dia 11 de setembro de 1973 é um marco na história do Chile, um momento em que a vida de milhares de chilenos mudou para sempre. Quebrou-se a institucionalidade e se declarou o fim do Estado de Direito. A ocupação militar deu lugar à criação da Junta de Governo que, após o fechamento do Congresso Nacional, passou a exercer a autoridade absoluta no país.
Durante a ditadura de Augusto Pinochet, milhares de chilenos e chilenas foram perseguidos, privados de liberdade, exilados, exonerados, torturados, executados ou “desparecidos”. Os organismos de segurança semearam o medo e exerceram o controla da cidadania através da vigilância permanente, da elaboração de listas negras e da censura. A repressão foi massiva e indiscriminada apesar da condenação e da solidariedade internacional. A violência interna ultrapassou as fronteiras. Ocorreram uma série de atentados no exterior, como a Operação Colombo e os atentados contra a vida de destacadas personalidades.
Primeiro a Igreja e depois os familiares das vítimas criaram organismos e agrupações de defesa dos Direitos Humanos em Santiago e diversas regiões. A luz destes fatos, o Museu da memória recolheu casos exemplares e propôs uma reflexão que transcendesse o ocorrido no passado e servisse às novas gerações para construir um futuro melhor de respeito irrestrito à vida e à dignidade das pessoas.
História do museu
O Museu da Memória e dos Direitos Humanos nasceu como um ato de reparação moral às vítimas das violações de direitos humanos e por uma solicitação dos organismos de defesa dos direitos humanos para ter um lugar onde pudessem guardar e preservar seus arquivos. Seu propósito é dignificar as vítimas e suas famílias, estimular a reflexão e o debate sobre a importância do respeito e da tolerância, para que esses fatos não se repitam mais. Foi concebido como um lugar que, a partir da revisão do passado, busca instalar os valores associados aos direitos humanos no presente e projetá-lo para o futuro.
O objetivo fundamental desta iniciativa é o resgate da memória de nosso país, desde os primeiros anos da ditadura, quando vencendo o medo e a repressão, as pessoas começaram a esconder e preservar documentos, cartazes, fotografias, objetos e a construir memoriais para não se render frente ao esquecimento. Com o passar dos anos, alguns desses materiais começaram a se extraviar e se deteriorar. Daí surgiu a necessidade de resgatá-los.
FONTE: INSTITUTO ZEQUINHA BARRETO
23 de set. de 2011
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