26 de mar. de 2013

Cúpula do PSC decide manter Feliciano na presidência de comissão

Após sofrer pressão do presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), a cúpula do PSC se rebelou e decidiu nesta terça-feira (26) manter o pastor Marco Feliciano (SP) na presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias.
"O deputado Feliciano já se desculpou por colocações mal feitas. Qualquer um pode deslizar nas palavras, pode errar. Informamos aos senhores e senhoras que o PSC não abre mão da indicação feita pelo partido", disse o vice-presidente da legenda, pastor Everaldo Pereira, ao ler pronunciamento oficial.
O PSC prometera na semana passada dar uma solução ao impasse no colegiado. Eleito no início do mês para o cargo, Feliciano ainda não conseguiu presidir as sessões do colegiado sem protestos. O prazo dado por Alves vencia hoje, mas, segundo a Folha apurou, o PSC não havia encontrado solução.
Após a manifestação do PSC, Alves convocou para a noite desta terça-feira uma reunião para "discutir democraticamente" a situação do partido à frente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara.
A cúpula do partido, reticente em retirá-lo da presidência, ainda não havia encontrado quem o substituísse. Resolveu mantê-lo sob o pretexto de enfrentar uma ala do PT e de demais partidos da esquerda que questionam sua permanência.
Segundo Everaldo, a sigla quer manter Feliciano na presidência da comissão como uma espécie de moeda de troca pelo apoio eleitoral ao PT nas campanhas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma Rousseff.
"Veio 2010 e o PSC apoiou a candidatura de Dilma Rousseff a presidente. Apoiamos pois ela representava a continuidade das políticas em favor dos pobres, iniciadas pelo presidente Lula. Mesmo diante das declarações de que ela não sabia se acreditava em Deus e que não era contra o aborto, o PSC apoiou a presidente Dilma, sem discriminá-la por pensar diferente de nós", disse.
Everaldo também citou o presidente da Casa, que, na semana passada, havia pedido uma solução "respeitosa" para a crise. "Quero pedir, respeitosamente, que as lideranças dos partidos desta Casa respeitem a indicação do PSC e peçam a seus militantes que protestem de maneira respeitosa."
Mais cedo, ao ser questionado pelo líder do PSOL, Ivan Valente (SP), o líder do PSC, André Moura (PSC-SE), disse que não tomaria qualquer decisão sobre o futuro de Feliciano sob pressão.
"Disse a ele [Alves] não queira fazer disso um cavalo de batalha. Na base da pressão podemos não resolver isso hoje", afirmou Moura.
Questionado se estava realmente disposto a enfrentar mais um embate dentro da Câmara, Feliciano não respondeu. Compareceu à reunião do partido e saiu sem falar.
ULTIMATO
Na semana passada, Alves deu um ultimato ao partido para que convencesse Feliciano a renunciar ao comando da comissão.
"Do jeito que está, a situação da Comissão de Direitos Humanos e Minorias se tornou insustentável, disse Alves na última quinta-feira (21).
Apesar de ter manifestado a colegas insatisfação com a permanência do pastor, o presidente da Câmara tem afirmado que não há margem regimental, como uma intervenção direta, para tirá-lo da presidência. Por isso, apelou à cúpula do partido.
Em entrevista ao programa 'Pânico', da Band, gravada na semana passada, mas levada ao ar apenas no domingo, Feliciano disse que só deixaria o cargo morto.
"Estou aqui por um propósito, fui eleito por um colegiado. É um acordo partidário, acordo partidário não se quebra. Só se eu morrer", disse o pastor.
Desde que assumiu o posto, no começo do mês, Marco Feliciano tem sido pressionado para deixar o cargo.
PRESSÃO
A pressão pela sua saída cresceu após a divulgação de um vídeo, na segunda-feira (18), com críticas aos seus opositores.
O material, publicado pela produtora de um assessor do deputado, e divulgado por Feliciano no Twitter, chama de "rituais macabros" os atos contra sua indicação e questiona a conduta de seus opositores.
As duas únicas sessões da Comissão de Direitos Humanos realizadas sob o comando de Feliciano foram marcadas por manifestações contra sua permanência.
O pastor é acusado de ter opiniões consideradas homofóbicas e racistas. Feliciano nega as acusações e diz que apenas defende posições comuns aos evangélicos, como ser contra a união civil homossexual.

FONTE: FOLHA.COM

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