“As estatísticas dão conta de que, no Brasil, a vítima preferencial da violência é o homem negro, pobre e de periferia”, a declaração foi dada pelo deputado federal Jean Wyllys, do PSOL do Rio de Janeiro, durante a abertura do Novembro Negro, no debate Racismo à Brasileira: “Igualdade na cor, essa é a minha verdade”, realizado no último dia 1º, no Ministério Público da Bahia. Com o objetivo de abordar questões sobre o racismo que afeta parte dos 50,7% da população brasileira negra ou parda, segundo dados do IBGE de 2010, o evento contou com a participação de figuras políticas, como Lidivaldo Britto, Promotor de Combate ao Racismo no Brasil, Cláudio Abdala, Subsecretário Municipal de Reparação, e Helena Silva, representante da Unicef na Bahia e Sergipe.
“Os negros, em Salvador e no Recôncavo Baiano, estão a maioria nos presídios, nos hospitais psiquiátricos e no mercado informal e não conseguem mobilidade social. Os índices de analfabetismo são enormes nesta população, assim como o número de mortes por conta da polícia”, afirmou Wyllys, em entrevista exclusiva à jornalista Emanuele Pereira, da agência Brava Comunicação Inteligente, realizada após evento. Segundo os dados do IBGE de 2010, a taxa de analfabetismo entre pessoas pretas ou pardas acima de 14 anos é de 27,4%, contra 5,9% dos brancos.
Sentindo na pele
“Hoje, a grande questão é a barreira da ascensão social, as condições de vida do negro, o sistema público que lhe é oferecido. Este é o racismo mais perverso na nossa sociedade e estamos há mais de 120 anos da Abolição da Escravatura”, declarou Lindivaldo Brito. Para o promotor, o Brasil demorou a criar leis de punição ao racismo: “Desde 1888, ano da Abolição da Escravatura, até a Constituição de 1988, são 100 anos. Só a partir daí é que o racismo passou a ser considerado crime na Constituição Federal. É um crime inafiançável”, afirmou.
Para Cláudio Abdala, o que o Brasil precisa, em especial a Bahia, é de oportunidade para os negros, população que, segundo ele, corresponde a 79,84% do estado baiano. “Não queremos privilégios. Nós queremos justiça, porque competência para vencer na vida todos nós, negros, possuímos e, como a pobreza em Salvador tem cor, nós somos resilientes”, enfatizou Helena Silva, que encerrou o evento falando sobre o racismo entre crianças e adolescentes.
Fonte: Mandato deputado Jean Wyllys
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