O Jornal Zero Hora, em sua edição de hoje (11/11/13), publicou uma reportagem tentando desconstituir as denúncias que fizemos há mais de cinco anos atrás contra o governo do PSDB, comandado pela então Governadora Yeda Crusius. A reportagem afirma que, depois de cinco anos, os vídeos que vimos não apareceram. O que a reportagem não diz é que baseamos todas as nossas denúncias em provas concretas, não apenas nas imagens que assistimos, mas no documento que comprovava o acordo de delação premiada feita entre Lair Ferst, o empresário que esteve no centro do esquema de corrupção do governo Yeda, e o Ministério Público Federal.
E mais: a reconhecida jornalista Rosane Oliveira afirma que os políticos deveriam pensar 10 vezes antes de denunciarem. Por certo esquece, porque não menciona, que a decisão do Psol foi tomada logo após a morte absurda de Marcelo Cavalcanti (representante do Governo Yeda Crusius em Brasília) que, todos sabem, tinha data para sua própria delação premiada. A morte de Marcelo Cavalcanti, nunca esclarecida, também tem quase 5 anos e não mereceu qualquer interesse jornalístico como o presente.
Nós sempre afirmamos que tínhamos receio de que Lair Ferst morresse e, por isso, adiantamos a data e decidimos contar à sociedade o que tínhamos visto e, portanto, sabíamos. Aliás, a reportagem tampouco informa que inúmeros membros do governo que denunciamos como corrupto estão respondendo na Justiça por seus crimes comprovados pela Operação Rodin da Polícia Federal. Atualmente, estão sendo condenados, embora, infelizmente, tendo passado mais de cinco anos, não estão presos. A própria Yeda Crusius voltou a ser ré, como toda a imprensa recentemente noticiou.
Ressalte-se, igualmente, que foi apenas a partir de nossas revelações que o próprio Jornal Zero Hora passou a divulgar o caso e confirmou, semanas depois, a mesma delação premiada por nós denunciamos.
Quanto aos vídeos que mostravam as cenas de corrupção e que corroboravam o que constava no documento da Delação Premiada, nunca tivemos a posse do mesmo e assim o afirmamos desde o início. Mas o que assistimos foi claro e foi documentado. Chama atenção, para se saber o destino dos vídeos, uma declaração reveladora, feita pelo próprio autor dos vídeos. Para a Justiça Federal de Santa Maria Lair Ferst disse o seguinte: “Se eu tivesse esse filme e fosse corrupto, eu teria colocado o preço que eu quisesse pra essas fitas. Quando surgiu a notícia de que eu teria essas fitas, fomos procurados por inúmeras vezes, desesperadamente, por pessoas próximas da governadora, dizendo que, se tivesse, eles comprariam e pagariam qualquer preço”. Como dizia um dos maiores jornalistas norte-americanos do século XX, cuja notoriedade foi investigar a corrupção do governo Richard Nixon, é precisa seguir o rastro do dinheiro. Não sabemos se o jornalista do Zero Hora aprendeu esta lição, embora o jornal tenha deixado clara sua convicção de que Lair Ferst estava envolvido no esquema. Isso não tinha como não deixar, já que o Ministério Público e a Polícia Federal apresentaram inúmeras provas contra ele.
Na época nunca revelamos nossa fonte principal, o então vice-governador Paulo Feijó. Hoje podemos dizer que, felizmente, no interior do governo, havia um representante que não compartilhava com a corrupção do governo. Que o jornal Zero Hora e particularmente a jornalista Rosane Oliveira não destaque esta questão nos parece uma desinformação.
Quanto ao apelo da jornalista Rosane de Oliveira, de que Yeda tem direito à verdade porque teve sua reputação atingida por acusações nunca comprovadas, é preciso ser dito que as provas contra Yeda já estão na Justiça, onde, repita-se, ela é ré, e quem pediu que fosse tirada do cargo foi o Ministério Público Federal, o que também não consta das matérias publicada no dia de hoje. Se as provas não existissem, como afirma a jornalista, é claro que a ex-governadora não estaria processada. Não no Brasil.
Porto Alegre, 11 de novembro de 2013.
Pedro Ruas
Luciana Genro
Roberto Robaina
Fernanda Melchionna
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