Confira o artigo da deputada federal Luciana Genro, publicado na edição desta quinta-feira, 7, do jornal Zero Hora:
Fui votada por quase 130 mil pessoas, ficando na oitava colocação no Estado e na segunda em Porto Alegre, mas meu partido não obteve os 200 mil votos necessários para ter direito a uma cadeira na Câmara. Essa situação me fez a deputada não-eleita mais bem votada do Brasil. Aqui no Rio Grande do Sul há eleitos com até menos de 25% dos meus votos. É um sistema eleitoral distorcido, pois embora o eleitor pense que está votando numa pessoa, está na realidade votando no partido ou na coligação do seu candidato. Foi assim que o palhaço Tiririca, em São Paulo, carregou mais três para a Câmara. Fenômeno semelhante também aconteceu aqui. Há vários casos como o meu. Roberto Robaina, candidato a deputado estadual pelo PSOL, obteve 31 mil votos – e vários foram os eleitos nessa faixa de votação -, mas nosso partido seguirá sem representação na Assembleia.
O PSOL enfrentou estas eleições sem alianças. A tentativa nacional de apoiar Marina Silva fracassou quando, no Rio de Janeiro, o PV aliou-se a PSDB e DEM. Nosso candidato, o valoroso Plínio de Arruda Sampaio, não obteve votação expressiva como a de Heloísa Helena em 2006. Grande parte da população agarrou-se ao PT na tentativa de impedir o retrocesso que significaria a volta do PSDB ao poder no país e aqui no RS para garantir que Yeda fosse varrida do Piratini, como felizmente foi. Nesse quadro, a vida não foi fácil para o PSOL. Mesmo assim elegemos dois senadores, o que é uma vitória importante.
Vitórias e derrotas são parte da vida, e aprendemos muito com ambas. Mas no meu caso a derrota significou, na prática, a perda dos meus direitos políticos, pelo fato de meu pai ter sido eleito governador. Essa situação, em tese, me torna inelegível, pois parentes de detentores de cargos no Executivo só podem se candidatar à reeleição. Me sinto na obrigação de lutar na Justiça contra isso. Tenho uma trajetória de 16 anos de mandatos e 25 anos de militância política. Nunca fui sombra do meu pai. Cômodo seria ser, e usufruir das benesses do poder. Mas sou do PSOL, com muito orgulho, partido que construí, com grande esforço, junto com Heloísa Helena e Roberto Robaina. Diante desse quadro, eu não poderia me contentar em ser a “filha do governador” e cuidar da minha vida privada. Em respeito aos meus eleitores e aos ideais que represento, vou lutar contra essa injustiça. Junto com o Dr. Antônio Augusto Meyer dos Santos, um dos melhores advogados do RS, brigarei na Justiça pelo meu direito de concorrer em 2012. Tendo sido a segunda mais votada na Capital, tenho o dever de lutar para seguir representando essa parcela da população que confia e acredita em mim.
Luciana Genro, deputada federal (PSOL/RS)
8 de out. de 2010
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