Consequência direta da nacionalização de empresas, o rompimento das relações diplomáticas entre Cuba e EUA faz 50 anos, em meio a um processo de reformas que deve reduzir o peso do setor público na economia.
No dia 3 de janeiro de 1961, o então presidente Dwight Eisenhower, a pedido do Congresso, anunciou a ruptura.
O motivo foi a revolução comandada pouco antes por um jovem advogado chamado Fidel Castro.
Seu objetivo era transformar a ilha na primeira república socialista do hemisfério, tendo como principal parceira a União Soviética.
No começo de 1959, Fidel assumiu o poder para, entre outras medidas, nacionalizar os setores econômicos e promover a reforma agrária, ações que aos poucos assustaram os americanos. Dois anos depois, veio o rompimento entre os dois países, nunca revertido.
Em 2006, o debilitado Fidel saiu de cena. No ano passado, reconheceu que foi um erro "estatizar quase toda a atividade econômica".
A afirmação justifica as recentes medidas econômicas adotadas pelo seu irmão Raúl, definidas como o início de uma abertura econômica.
"Cuba percebeu que precisa se reinserir na economia global. A abertura é fruto de uma necessidade interior de modernização", disse à Folha Jason Tadeu Borba, professor de Ciências Econômicas da PUC-SP.
"O fracasso econômico da ideologia bolivariana, liderada pela Venezuela, isola ainda mais o regime cubano", diz o historiador e professor da Unicamp Jaime Pinsky.
Nos próximos cinco anos, cerca de 1,8 milhão de cubanos devem ser transferidos para o setor privado.
O governo cubano passou a apoiar a livre iniciativa e aumentou para 178 as categorias de trabalho em que se pode atuar por conta própria.
Alguns profissionais poderão ter empregados que não sejam seus familiares. Crédito bancário será disponibilizado para os que queiram começar seu próprio negócio.
Os trabalhadores terão de pagar impostos. No fim de outubro de 2009, as autoridades cubanas detalharam um novo sistema tributário.
REAPROXIMAÇÃO
As mudanças na estrutura econômica podem resultar em uma reaproximação? Para o professor Borba, Cuba manterá sua posição contrária aos EUA.
"A opção de reinserção de Cuba no mercado internacional é a partir de uma aliança estratégica com o Brasil e seus aliados, o que inclui a Venezuela", analisou.
Nos EUA, a vitória republicana nas eleições legislativas de novembro fez com que analistas americanos dissessem que um acordo com Cuba ficaria mais difícil.
Eles citaram a eleição de Marco Rubio ao Senado pela Flórida e a presença da deputada Ileana Ros-Lehtinen na Comissão de Assuntos Externos da Câmara como entraves para o retorno do envolvimento diplomático.
Ambos são cubano-americanos, radicais anticastristas.
"Esses cubanos que vivem nos EUA guardam o mesmo sentimento dos tempos da Guerra Fria", diz Pinsky.
FONTE:FOLHA.COM
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