De cada 10 professores que dão aulas na educação básica brasileira, dois
trabalham sem diploma de ensino superior. O índice de docentes não graduados é
maior nas turmas da educação infantil, mas há professores trabalhando sem
formação adequada inclusive no ensino médio.
Os números do Censo Escolar 2012 mostram que 22% dos 2.101.408 professores
brasileiros – 459 mil – não chegaram à universidade. Desse total, 8.339
terminaram apenas o ensino fundamental, 115.456 concluíram o ensino médio
regular e 335.418, o magistério. Entre os 1,6 milhão diplomados, 223.777 não
cursaram licenciatura, modalidade que prepara professores.
É na educação infantil que trabalha grande parte dos professores sem formação
superior. Dos 443,4 mil professores dessa etapa, 36,4% não se graduaram. De
acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, é permitido que um professor
que concluiu apenas o magistério lecione nessa fase, mas 10% dos docentes sequer
têm essa formação mínima.
Nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio, fases em que todos
os professores, por lei, deveriam ter cursado licenciatura para dar aulas, o
cenário se repete. Do 6º ao 9º ano do fundamental, 22% dos 801 mil educadores
não têm formação adequada (não cursaram faculdade ou licenciatura). No ensino
médio, 18% dos 497 mil docentes estão nessa situação.
Para a ex-secretária de Educação Básica do Ministério da Educação e diretora
da Fundação SM, Pilar Lacerda, todos os professores deveriam ser formados no
ensino superior. “A profissão docente é muito complexa e requer formação
específica e séria. A qualidade da educação está intimamente ligada à qualidade
do profissional da educação. Aquela visão de que basta boa vontade e gostar de
crianças está ultrapassada”, afirma.
A formação dos professores brasileiros, de modo geral, melhora a cada ano. Em
2011, o número de educadores sem curso superior (530.029) representava um quarto
do total. Apesar disso, as diferenças regionais ainda persistem. Grande parte
dos docentes com formação precária atua no Nordeste. Quase metade dos educadores
com apenas o diploma de ensino médio regular – 50 mil dos 115 mil do País –
leciona nas salas de aula nordestinas.
A Bahia é um dos Estados com mais problemas de formação dos docentes. Dos 157
mil professores, 1.150 têm apenas o ensino fundamental (13,8% de todos que estão
nessa condição); 19 mil cursaram apenas o ensino médio regular e 50,8 mil não
passaram do curso normal (magistério). Apenas a metade cursou uma faculdade.
Problemas na carreira
Sem incentivos para atrair os melhores estudantes para a carreira,
especialistas acreditam que será difícil superar os problemas de formação dos
professores, que não se esgota apenas com o estímulo à graduação. Na opinião de
Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, há
problemas estruturais de formação dos alunos que só são solucionados dentro dos
cursos de graduação.
“O aluno que não teve uma formação básica adequada não vai conseguir ser um
bom professor. E, na média, infelizmente, são os alunos que tiveram mais
dificuldades que acabam na profissão. A tendência do Brasil sempre é boa, mas
temos um problema de ritmo dessa evolução na qualidade de ensino”, pondera.
Segundo ele, a aprovação do Plano Nacional da Educação é importante para
garantir recursos que acelerem a formação dos professores.
Pilar defende melhores salários e uma perspectiva mais atraente de carreira
para mudar o cenário da educação. “A profissão não pode ser escolhida enquanto o
jovem não acha coisa melhor”, comenta. Cara acredita que os cursos presenciais
têm de expandir de forma mais direcionada, especialmente nas regiões em que eles
são escassos.
Maioria feminina
Os dados do Censo Escolar mostram também que 1,6 milhão do total de
professores do País é mulher. A região Nordeste é a que, proporcionalmente,
possui mais educadores homens na educação básica. Dos 613 mil professores da
região, 20% são homens. Metade dos docentes tem entre 25 e 40 anos de idade.
Dos 2 milhões de docentes da educação básica, 443 mil dão aulas na educação
infantil; 1,4 milhão no ensino fundamental, 497 mil no ensino médio e 253 mil na
educação de jovens e adultos.
FONTE: IG.COM
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