Do PSOL Nacional, Leonor Costa
Nova direção do partido também é eleita, com Luiz Araújo, professor na UnB, no cargo de presidente nacional
Por maioria de votos, os delegados e as delegadas presentes no 4º Congresso Nacional do PSOL, que aconteceu neste final de semana, no Centro de Treinamento da CNTI (Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria), escolheram o senador do Amapá Reandolfe Rodrigues para representar o partido na eleição presidencial de 2014. A definição se deu logo após a votação sobre se essa decisão seria levada para as prévias no ano que vem ou se seria definida ainda durante o 4º Congresso Nacional. Também por maioria, os delegados aprovaram definir a candidatura do PSOL agora.
Além de Randolfe, também foi lançado, como pré-candidato, o nome da ex-deputada do Rio Grande do Sul Luciana Genro.
A defesa do nome de Randolfe como candidato ao cargo máximo do Executivo nacional foi feita sob forte aplausos pelo atual prefeito de Macapá, Clécio Luís, e pelo presidente nacional do PSOL eleito neste domingo, Luiz Araújo. “A candidatura de Randolfe certamente será uma novidade para desbancar as candidaturas conservadoras, representadas por Aécio, Campos-Marina e Dilma. A insatisfação da população foi mostrada nas manifestações de junho e temos um desafio grande de responder e dialogar com essas reivindicações e com os setores que foram às ruas”, disse Luiz Araújo.
Em entrevista coletiva logo após a decisão do 4º Congresso Nacional, o candidato à Presidência pelo PSOL afirmou que as candidaturas até agora apresentadas não representam mudança, porque propõem a manutenção do modelo político existente. “Esse modelo não teve mudança, não teve ruptura desde o final da ditadura militar. É um modelo que mantém um padrão de desenvolvimento econômico, que tem levado ao país a não ter crescimento. Que tem mantido o nosso país como a 95ª nação do planeta no ranking da Unesco”, enfatizou Randolfe.
De acordo com o candidato, o PSOL pretende, durante a campanha de 2014, pautar as questões importantes para o conjunto da população e que foram expressadas nas manifestações realizadas no mês de junho. “Como é que pode esse país realizar obras gigantescas e faraônicas para a Copa do Mundo em nome de uma entidade mundial do futebol, com suspeita de corrupção, e como pode esse mesmo país não resolver os seus dilemas de educação, saúde e mobilidade urbana? Nós queremos dialogar, concretamente, com as mobilizações do povo brasileiro do último junho, quando o povo brasileiro foi reivindicar nas ruas por mudança”, pontuou o senador e candidato à Presidência da República pelo PSOL.
Segundo Randolfe, nas próximas semanas a nova direção do PSOL, juntamente com ele, deve definir as ações e as estratégias da campanha do PSOL em 2014. “Vamos discutir e organizar uma coordenação de campanha, reunindo todos os setores do partido. Abrir o diálogo com os outros partidos do campo da esquerda, como PSTU e PCB, abrir diálogo com os movimentos sociais, como o MST, e começar a construir uma agenda e um programa de governo, envolvendo o partido e envolvendo esses setores sociais”.
Programa do PSOL será construído em diálogo com setores que estiveram nas ruas, afirma novo presidente
“A principal sinalização que o 4° Nacional do PSOL fez é de que o partido tem que estar à altura do que o povo brasileiro pediu nas manifestações de junho. Uma parte dessa tarefa é a apresentação de um programa de governo, em diálogo com os setores sociais”, disse o novo presidente nacional do PSOL, Luiz Araújo. A chapa Unidade Socialista, da qual ele faz parte, foi eleita com a maioria dos votos, entre as três chapas inscritas no processo eleitoral partidário deste domingo.
Professor da Universidade de Brasília (UnB) e assessor no mandato do senador Randolfe Rodrigues, Luiz Araújo afirma que a nova direção do PSOL tem o desafio de construir um programa para 2014 bem participativo, ouvindo não somente os filiados do PSOL, mas também os setores que foram às ruas reivindicar mudanças no país. “Vamos garantir àqueles segmentos que estiveram nas ruas, que reivindicaram saúde, educação, mobilidade urbana, que lutaram pela redução das passagens, setores que têm contradições com o governo, que apoiaram a nossa bancada no parlamento, sejam chamados, incorporados para apresentar propostas para a formulação do nosso programa de governo”, pontuou.
De acordo com Luiz Araújo, um outro desafio também do PSOL no próximo período é consolidar a atuação do partido também nas campanhas estaduais. “Há uma tentativa permanente dos partidos conservadores, da chamada 'velha política', de restringir o direito de participação dos pequenos partidos e o alvo deles são os partidos ideológicos. E a nova lei eleitoral tenta coibir esse crescimento. Então a nossa segunda tarefa, além de ganhar a Presidência da República, porque nós não estamos lançando um candidato para fazer figuração mas para disputar esse sentimento de mudança, é eleger uma forte bancada de deputados federais nos principais estados onde o partido tem uma forte inserção. Nós vamos nos apresentar como uma alternativa à velha política”, enfatizou.
O novo presidente do PSOL, eleito neste domingo, foi deputado estadual no Pará, presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) no início do primeiro mandato do ex-presidente Lula e secretário municipal de Educação em Belém nos 8 anos do governo popular de Edmilson Rodrigues, tendo rompido com o PT em 2005.
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