Investigações da Polícia Federal apontam que o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, repassou informações sobre apurações contra o seu grupo ao senador Demóstenes Torres (DEM-GO), informa reportagem de Fernando Mello, Leandro Colon e Filipe Coutinho, publicada na Folha desta sexta-feira.
A Folha obteve 12 mil páginas do inquérito da PF que culminou na Operação Monte Carlo. Ela investigou Cachoeira e mais 80 pessoas, todos denunciados neste mês pelo Ministério de Público Federal sob acusação de explorar máquinas caça-níquel e corromper agentes públicos para manter o negócio.
No inquérito a que a Folha teve acesso, o nome de Demóstenes aparece, por exemplo, num relatório da PF sobre um diálogo gravado com autorização judicial no dia 13 de março do ano passado, às 15h37. Nele, conversam Carlinhos Cachoeira e o sargento aposentado da Aeronáutica Idalberto Matias, o Dadá --apontado pela Procuradoria como o principal araponga da quadrilha. Ambos estão presos.
De acordo com a PF, eles falavam sobre investigações sigilosas que o grupo sofria à época, quando a Monte Carlo já estava em andamento.Outro diálogo revela que Demóstenes atuava para ajudar Cachoeira na escolha de integrantes para o governo de Goiás, comandado pelo tucano Marconi Perillo. Em uma conversa no dia 5 de janeiro do ano passado, o empresário menciona duas vezes o nome do senador a um integrante de seu grupo, de acordo com a PF.
Ontem, o ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski atendeu a pedido do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e determinou a quebra de sigilo bancário de Demóstenes em relação a um período de cerca de dois anos.
O ministro pediu também ao Senado a lista das emendas ao Orçamento apresentadas por Demóstenes --isso indica que uma de suas linhas de investigação será analisar se o senador utilizou prerrogativas de seu cargo para favorecer Cachoeira.
30 de mar. de 2012
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