Por Josias de Souza
Instada a comentar a CPI do Cachoeira há quatro dias, Dilma Rousseff escapuliu: “A CPI é algo afeito ao Congresso.” Lorota. Àquela altura, longe dos refletores, a presidente já se movia para impedir que o PT guindasse ao posto de relator da Comissão Parlamentar de Inquérito um deputado que não fosse do seu agrado.
Equipava-se para exercer a função Cândido Vaccarezza (PT-SP), ex-líder do governo na Câmara. Dilma levou o pé à porta, vetando-o. E Vaccarezza viu-se compelido a retirar-se de cena. Não posso ocupar uma posição dessas contra a vontade da presidente da República, disse a um amigo.
Entusiasta da CPI e simpático ao nome de Vaccarezza, Lula interveio na encrenca. Nesta segunda (24), reuniu-se com o deputado, em São Paulo. Sugeriu-lhe que aceite integrar a CPI, mesmo fora da relatoria. Um arranjo ao qual Dilma não se opõe. Vaccarezza pediu tempo.
Nesta terça (24), data-limite para que os partidos indiquem seus representantes na CPI, o deputado dará sua resposta numa reunião com o presidente do PT federal, Rui Falcão. E quanto à estratégica cadeira de relator? Bem…
Bem, excluído Vaccarezza, foram à mesa outros nomes. O mais cotado era Odair Cunha (PT-MG). Dilma voltou a torcer o nariz. Mostrou-se menos avessa a Paulo Teixeira (PT-SP), ex-líder do petismo na Câmara. O diabo é que Teixeira não parece propenso a aceitar a incumbência.
O indicado do PT, seja quem for, comandará a investigação em dobradinha com o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), alçado à presidência da comissão já na semana passada, após consultas feitas pelo líder Renan Calheiros (PMDB-AL). Lula foi um dos consultados.
Quer dizer: a CPI é do Congresso. Mas quem distribui as cartas marcadas que conduzirão os trabalhos são Dilma e Lula, dois personagens sem assento no Legislativo. Quem quiser, pode dar crédito ao lero-lero segundo o qual o governo não vai se meter na CPI. Mas arrisca-se a fazer papel de bobo.
24 de abr. de 2012
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