O Partido Socialismo e Liberdade terá candidato próprio na eleição do novo
presidente da Câmara dos Deputados para o biênio 2013-2014. Será o deputado
Chico Alencar (RJ), que cumpre seu terceiro mandato consecutivo na Casa.
A decisão em lançar candidatura própria é para representar um contraponto
radical, frontal e nítido aos candidatos que contam com o apoio do governo
federal e da oposição conservadora. Para o PSOL, o propósito fundamental é
recolocar a política na ordem do dia e acertar o passo do Legislativo Nacional
com as grandes questões que afetam a vida do povo brasileiro.
A candidatura do deputado Chico Alencar será registrada na Secretaria Geral
da Mesa nesta sexta-feira, dia 1º de fevereiro.
RAZÕES DE UMA CANDIDATURA À
PRESIDÊNCIA DA CÂMARA
A hegemonia da pequena política contamina o sistema partidário e as maiorias
nos Parlamentos. Ela busca ostentar a aparência de força contra a
qual “não há alternativa”. O senso comum cristaliza a ideia de que todos
os políticos são iguais. Negamos a política como administração de poder
entre elites e aceitação do existente como “natural”. AFIRMAMOS a Política como
disputa de diferentes projetos de sociedade.
A apatia do cidadão é cultivada como expressão de “normalidade”
democrática. Negamosos representantes que se descolam dos anseios dos
representados e as negociatas que garantem financiamento de campanhas eleitorais
cada vez mais caras. AFIRMAMOS a prioridade do interesse público e da
transparência em todas as ações de seus agentes.
Negamos o condomínio de poder que articula grandes empreiteiras,
partidos da ordem e encomendas dos governos, e que não quer ser investigado –
como revelou o melancólico fim da CPMI Cachoeira/Delta. AFIRMAMOS que há
alternativas aos sócios da espantosa operação “abafa” que se apresentam agora
como candidatos “imbatíveis” para a direção das Mesas do Congresso.
O PMDB da “moral homogênea” (expressão do saudoso Márcio Moreira Alves)
aspira dirigir as duas casas do Congresso e conta com o apoio da base do governo
e da oposição conservadora. Seus candidatos são bem conhecidos não como
notáveis, apesar de antigos e experientes parlamentares, mas como notórios
frequentadores de territórios nebulosos na vida pública. Negamos o
noticiário que dá suas vitórias como inevitáveis. AFIRMAMOS que uma outra
prática política é possível e necessária.
Nem mesmo as ordens sociais mais opressivas conseguem abafar a vitalidade que
sobrevive na dinâmica social e na movimentação política. Embrionária, às vezes
reduzidas ao interior das intenções humanas, a “Política com P maiúsculo, a
política que é História”, como definia Joaquim Nabuco, sempre
renasce. Negamos o fato consumado e AFIRMAMOS que o primeiro passo da
passagem da intenção ao gesto, que pode dotar de eficácia transformadora a
insatisfação latente, é contestar o domínio absoluto dos acordos por cargos e do
corporativismo.
Negamos os candidatos do condomínio oficial de poder e AFIRMAMOS que
oferecer umcontraponto radical, frontal e nítido ao que eles representam
é um imperativo ético, sobretudo em um pleito de 2 turnos. Os anais da História
precisam registrar a existência dos que resistem ao consenso passivo diante da
ordem injusta, da degradação do Parlamento e da corrupção sistêmica que a
reproduz. AFIRMAMOS que nosso propósito fundamental é recolocar Política na
ordem do dia e acertar o passo do Legislativo Nacional com as grandes questões
que afetam a vida do nosso povo.
Estas são as razões da apresentação do nome de Chico Alencar à
presidência da Câmara dos Deputados. Sua trajetória de vida e, em especial, a
PLATAFORMA que ele defende (em anexo), podem contemplar os desejos sinceros de
parlamentares sensíveis à dimensão dessa grave crise da representação, que é a
da própria democracia.
Ivan Valente, líder do PSOL na Câmara dos Deputados
Brasília, 31 de janeiro de 2012
31 de jan. de 2013
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