Página 50: Para que o fato do MST queria chamar uma atenção quando fez uma ação na Cutrale?
Gilmar Mauro: Primeiro, são terras públicas da União e que foram adquiridas em 1909 para o assentamento de famílias de europeus que Estavam chegando no Brasil. Aquilo não ocorreu. Essas terras públicas foram sendo apropriadas por várias empresas que grilaram terras como, utilizaram e destruiram todos os recursos naturais e que Existiam Desenvolveram uma monocultura de eucaliptos, pinos, pecuária extensiva e, ultimamente, laranja. A própria área da Cutrale nós ocupamos há muito tempo, e quando um Cutrale comprou de outro grileiro uma área, nós tínhamos um acampamento que já estava há dois anos produzindo. Foram Colocados tratores da empresa, houve o despejo e foi tombado tudo que havia em cima: Mandiocal, barracos. Engraçado que não saiu uma linha em nenhum jornal deste país sobre aquela ação promovida pelo Estado e pelos fazendeiros. Então a idéia de ocupar uma área da Cutrale colocar em questão era o grilo da região ea Possibilidade de arrecadação de terras para a reforma agrária. Nós temos na região que são quatro famílias acampadas há dois, seis e oito anos, que já assentadas Poderiam estar. Uma região que tem terra improdutiva, terra que tem Pública ea inoperância ea incompetência do Estado impedem que isso seja realizado. Então foi quase uma ação de desespero. Não imaginávamos que teria o impacto que teve e que se aproveitassem daquela situação para, por exemplo, montar uma CPMI contra o MST e esse processo de criminalização.
Página 50: Sempre houve um ataque da direita aos movimentos de luta pela terra, mas parece que neste momento há uma articulação maior Através da mídia, Justiça e do aparato repressivo. A que se DEVE isso?
Gilmar Mauro: São várias razões. Primeiro porque estamos às vésperas de uma eleição, eo MST é sempre um bom bode expiatório para setores da direita se aproveitarem para fazer o seu palco. E há um processo de criminalização por parte do Poder Judiciário e do Estado brasileiro a todos os movimentos sociais. O MAB, que é o movimento dos atingidos por barragens, está vivendo isso. O próprio movimento sindical tem quando faz greve intensos processos de criminalização. E eu acho que o MST é uma espécie de referencial ainda das grandes massas nas periferias das cidades. E estigmatizá-lo é fundamental para uma direita brasileira. Isso não é novo na história. Se você pegar Canudos, Contestado, etc, antes de haver uma intervenção coercitiva há sempre um período de construção de um consenso na sociedade Através de mentiras, Através de difamação. Pegando o caso de Canudos, dizia-se que era um movimento pró-monarquia. Primeiro para se destrói uma imagem junto jurídicas JAF Intervenções, de criminalização. Nós temos muitos militantes processados, com inquéritos. Não é algo novo, mas estamos vivendo um momento de intensificação disso.
Página 50: Essa criminalização dos Movimentos seria então algo preventivo algum um processo de luta mais intenso que Esteja sendo visualizado?
Gilmar Mauro: Eu acho que é. Precisamente porque uma crise econômica e social se agravou. Embora o Brasil ainda tenha fôlego e Gás, o desemprego é grande. Dificilmente o capitalismo vai conseguir crescer como se deu no século passado, há uma grande dificuldade de incorporação da força de trabalho no processo produtivo. E as periferias são grandes bombas. Há uma guerra civil instaurada em vários lugares. E vem o Estado Cumprindo esse papel repressivo, mas ao mesmo tempo de geração de consensos na sociedade para justificar a repressão. O caso do helicóptero que foi derrubado no Rio de Janeiro foi utilizado para justificar a limpeza que está se fazendo nas favelas preparar para as Condições para Copa do Mundo, Olimpíadas, etc Os pretextos são os mais variados, mas há uma intervenção muito grande do Estado , parte da coercitiva, de Precauções contra possíveis Levantes populares.
Fonte: Página 50 (ENTREVISTA COM GILMAR MAURO, dirigente do MST)
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