Milton Temer
O jornalão fez um carnaval. "Tesourada socialista" foi a manchete do caderno de Economia, por conta da inversão de rumo do governo Zapatero na Espanha. Fazia sentido. Ainda nas vésperas da rendição drástica aos ditames do FMI e da autoridade monetária da União Europeia, o próprio havia se manifestado contra os piranhas da especulação financeira, como responsáveis pela nova onda da já bem longa crise do sistema financeiro global. Durou pouco a bravata; Zapatero terminou se entregando como já havia feito o governo, também socialdemocrata, e não socialista, de Papandreu, na Grécia. Na Inglaterra, o novo gabinete conservador-liberal-democrata (me perdoem. A responsabilidade por essa bizarra salada deve ser creditada à falsa confrontação entre partidos ingleses da era pós-Thatcher) foi na mesma linha dos socialdemocratas, com uma pitada a mais de cretina demagogia britânica. No bolo das atrocidades cometidas contra conquistas sociais e direitos trabalhistas adquiridos depois de muita luta - exigência para obtenção de créditos de emergência de instituições internacionais -, o governo decidiu por um corte de salários do gabinete, na ordem de 5%. Não é nada, não é nada, não é nada mesmo. Puro jogo de cena. Mas serve para engabelar a massa ignara que, ultimamente tomada por surtos de xenofobia contra imigrantes que lhes serviu às tarefas sujas enquanto não lhes tomou emprego na economia formal, resolveu votar nos conservadores, que tinham o controle de "ilegais" como uma de suas bandeiras referenciais. O conclusivo dessa mixórdia financeiro-político-ideológica não poderia ser outro: a absoluta omissão de qualquer referência a algum sacrifício ao principal gerador de toda a confusão - o inefável sistema financeiro privado.
19 de mai. de 2010
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