O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou nesta segunda-feira que a entrada de seu país no Mercosul, em cerimônia formal que acontecerá na terça-feira em Brasília, representa o "fracasso" da política externa dos Estados Unidos.
"A entrada da Venezuela no Mercosul é um fracasso da política externa
americana na América do Sul porque por trás do entrave autoritário
paraguaio que se opôs de maneira irracional durante anos à entrada (...)
estava a mão da diplomacia americana", argumentou Chávez a jornalistas.
O presidente venezuelano afirmou, momentos antes de partir para o Brasil assistir à cerimônia na qual formalmente a Venezuela passa a ser incorporada
ao Mercosul como membro pleno, que a entrada de seu país no bloco
formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai (atualmente suspenso)
"é mais um passo na direção correta".
"É um bloco em crescimento, o Paraguai seguramente retornará ao
Mercosul quando essa república irmã voltar à democracia", afirmou, em
alusão à suspensão paraguaia, após a estituiçãod do presidente Fernando Lugo, decisão tomada em uma cúpula realizada na Argentina no fim de junho na qual também se definiu a entrada da Venezuela.
O líder disse que a "democracia vigorosa" venezuelana, com "um
sistema político consolidado que impulsiona os valores e a praxis da
democracia da plena liberdade de expressão" será uma "grande fortaleza"
para o Mercosul.
Petróleo
Chávez destacou que a entrada da Venezuela no bloco será a
"engrenagem" das reservas petrolíferas venezuelanas, as maiores do
mundo, com os países do sul. "É uma equação perfeita", disse.
O presidente revelou que no domingo à noite criou uma comissão
presidencial sobre o tema e que começarão a chamar empresários com
"vocação exportadora" para lhes apoiar diante da nova situação
comercial.
É a primeira viagem ao exterior do líder venezuelano após sua última operação, como parte de seu tratamento contra o câncer.
Chávez comentou que, além disso, escreveu uma carta ao líder cubano,
Fidel Castro, em que manifestou estar convencido de que com a Venezuela o
Mercosul aumentou suas relações econômicas e comerciais com os países
do Caribe.
O líder venezuelano, em plena campanha para sua reeleição em outubro,
disse que já tem reuniões em Brasília e que poderia retornar na
terça-feira mesmo à Venezuela, após a reunião, já que para ele neste
momento "a prioridade é o nacional".
Ele informou que há possibilidades de, durante sua estada no Brasil,
haver "uma reunião breve" com a Argentina para revisar os documentos da
"aliança" entre a petrolífera estatal venezuelana PDVSA e a argentina
YPF, recentemente adiantados em Caracas, e "se estiverem prontos, de
assiná-los".
Chávez voltou a chamar a Repsol para "se sentar com um Estado
soberano como o Estado argentino e buscar uma solução amigável", depois
que o governo argentino nacionalizou 51% das ações da companhia petrolífera espanhola na YPF.
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