Cruzamento de dados bancários da CPI do Cachoeira , da Polícia
Federal e do governo de Goiás indicam que a Delta Construções teria bancado a
compra da casa do governador Marconi Perillo (PSDB) pelo contraventor Carlos
Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira , em troca da
liberação de mais de R$ 9 milhões em créditos da empresa com o Estado. O tucano
nega relação entre a transação imobiliária e os pagamentos do governo.
A PF acredita que a Delta firmou um "compromisso" com Perillo, intermediado
por Cachoeira, após a posse no governo. A compra da casa teria sido a primeira
negociação após o acerto.
Análise dos extratos bancários mostra o "Deltaduto" em cinco momentos:
1) o dinheiro que sai da empreiteira;
2) passa por duas empresas
comandadas pelo esquema do contraventor, a Alberto e Pantoja e a Adércio e
Rafael Construções;
3) recursos de ambas abastecem a conta da Excitant,
controlada pelo sobrinho de Cachoeira, Leonardo Augusto de Almeida Ramos;
4)
três cheques assinados por Leonardo pagam a compra da casa;
5) e a liberação
de créditos à Delta.
A movimentação ocorreu de fevereiro a maio de 2011. Em sete depósitos, a
Delta transferiu às duas empresas de fachada R$ 5,4 milhões. Elas repassaram à
Excitant R$ 1,4 milhão, em cinco transações. Perillo recebeu esse valor pela
casa, em três cheques assinados pelo sobrinho de Cachoeira. A fatura da Delta
foi paga em três prestações de cerca de R$ 3,2 milhões.
As suspeitas de acerto são reforçadas pelas interceptações telefônicas da
Operação Monte Carlo. Em 1.º de março de 2011, às 15h04, Cachoeira pergunta ao
ex-vereador Wladimir Garcêz (PSDB) se ele vai mostrar a Perillo "aqueles nove
milhões" que o Estado tem de pagar.
ESCUTAS:
"Você levou para mostrar para ele", pergunta Cachoeira. "Tá comigo aqui. Oito
milhões, quinhentos e noventa e dois zero quarenta e três", disse Garcêz, que
admitiu à CPI ter trabalhado tanto para a empreiteira como para o contraventor.
"Então tá", responde Cachoeira.
Uma hora depois, nova conversa entre os dois mostra que, segundo Garcêz,
Perillo ficou de resolver, em referência ao pagamento à Delta. No mesmo dia, a
Delta recebeu a primeira parcela de cerca de R$ 3,2 milhões. Um dia depois, o
tucano recebeu a primeira parcela pela casa.
As investigações da PF, reveladas pela revista Época, apontam que
Cachoeira decidiu se desfazer da casa após a compra. Segundo a polícia, o imóvel
foi vendido ao empresário Walter Paulo Santiago por R$ 2,1 milhões. Cachoeira
teria recebido R$ 1,5 milhão. Perillo, outros R$ 500 mil, repassados pelo então
assessor especial Lúcio Fiúza, que teria ficado com R$ 100 mil.
Em nota, Perillo alegou que os três repasses citados pela PF fazem parte de
um total de 13 pagamentos feitos de forma regular à Delta, por parte da
Secretaria de Segurança Pública. Há cinco casos posteriores à negociação da casa
de repasses com idêntico valor. "Verificando os valores, conclui-se que os
pagamentos são regulares e continuados, considerando apenas os trâmites
burocráticos para sua efetivação."
Em nota, a Delta disse estar à disposição da Justiça e da CPI para prestar
"todos os esclarecimentos". A empresa "reserva-se, porém, o direito de não
responder a questões pontuais formuladas com base em vazamentos parciais de
informações", diz o texto. As informações são do jornal O Estado de
S.Paulo.
FONTE: IG.COM
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