O rompimento da aliança mineira entre o PT e o PSB,
que ajudou a eleger o prefeito de Belo Horizonte, o socialista Márcio Lacerda –
apoiado pelo PSDB –, é a reviravolta que deve tumultuar as eleições na capital
mineira e jogar a disputa para o plano federal. O que era para ser uma eleição
com uma aliança formal entre PSB, PT e PSDB virou uma divisão entre os que são
do grupo do senador Aécio Neves (PSDB) e o que estão
contra ele. Sobrou até crítica para a presidenta Dilma Rousseff .
O caso emblemático é o do PSD, do prefeito de São
Paulo, Gilberto Kassab . Orientado pela
direção nacional a apoiar o candidato petista Patrus Ananias, a sigla local contrariou a ordem, avisou que
vai apoiar Lacerda e entrou na coligação do socialista . Em Minas,
o PSD é ligado ao senador Aécio e ocupa cargos inclusive de primeiro escalão no
governo do tucano Antonio Anastasia.
Para os dirigentes do PSD mineiro, a decisão da direção nacional da legenda foi
uma manobra orquestrada, com apoio de Dilma , para o partido fazer
um "gesto ao governo federal" e pelo ex-governador José Serra , adversário de Aécio
dentro do PSDB e candidato à Prefeitura paulistana com apoio do partido de
Kassab.
Apesar do rompimento, a aliança de Lacerda
reuniu 18 partidos . Em reunião do PSDB em Minas Gerais, no dia do
registro da candidatura do socialista, Aécio não poupou críticas ao PT e disse
que o partido queria transformar o prefeito em “refém” ao propor a chapa de
vereadores. “O que o PT queria, na verdade, era eleger sua chapa de vereadores
às custas dos votos do PSDB. Para fragilizar o prefeito, fazer do prefeito refém
da força do PT. Isso não era ruim para o PSDB, isso era ruim para o
prefeito”.
O adversário mais perigoso para Lacerda é o
petista Patrus Ananias , que governou Belo Horizonte de 1993 a 1997
e foi ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
Antes de Patrus, o concorrente do partido era o
atual vice do município – afastado de Lacerda –, Roberto Carvalho .
Havia um impasse, já que Patrus foi indicado pela Executiva Nacional do PT, e
Carvalho foi escolhido pelo diretório municipal. Ele chegou a formalizar a sua
candidatura à Justiça Eleitoral, porém a retirou para não atrapalhar a unidade
partidária no Estado.
O peemedebista Aloísio Vasconcellos será o vice na chapa com Patrus, em apoio
costurado pela executiva nacional do PMDB. Antes de Vasconcellos, o PT tentou o
nome do deputado federal Leonardo Quintão (PMDB).
A dissolução da aliança PT-PSB ocorreu porque a executiva municipal do PSB
decidiu lançar chapa própria para eleição de vereadores. Lacerda, segundo a
versão petista, passou por cima de um acordo escrito pelas legendas, no qual
estava previsto coligação proporcional em Belo Horizonte.
Carvalho afirmou acreditar em pressão do PSDB para que o PSB não fechasse a
coligação com o PT. Houve rumores de que Aécio exigiu que Lacerda não seguisse a
aliança proporcional com os petistas. O senador tucano informou que as
articulações cabem apenas às direções municipal e estadual do PSDB.
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