A educação melhorou no Brasil entre 2009 e 2011, segundo o desempenho das redes
de ensino no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). As médias
divulgadas nesta terça-feira pelo Ministério da Educação mostram que o País
conseguiu atingir as metas de qualidade definidas para o ano passado pelo
próprio governo e, pelo menos no aspecto global, tem razões para comemorar.
"Esses resultados são motivo de comemoração. Eu gostaria de parabenizar os
professores que permitiram, com seu trabalho cotidiano, que alcançássemos esse
resultado", afirmou o ministro da Educação, Aloizio Mercadante.
Além dos números nacionais, a maioria dos Estados e municípios conseguiu
atingir os objetivos propostos. Os números, no entanto, revelam que o
crescimento do índice é mais lento mas etapas mais avançadas e há pontos frágeis
que merecem atenção dos gestores educacionais.
Criado em 2005 para mensurar o desempenho do sistema educacional do País, o
Ideb varia de 1 a 10. Cada escola, município, Estado e o Brasil tem metas
próprias para serem atingidas de dois em dois anos. A expectativa é de que, em
2021, as escolas das séries iniciais (até a 4ª série) alcancem nota 6,
desempenho considerado semelhante ao de sistemas educacionais de países
desenvolvidos.
Nos anos iniciais do ensino fundamental, a média nacional ficou em 5. A nota
é 0,4 ponto maior do que a atingida pelo Brasil em 2009. Naquele ano, o País já
havia garantido o cumprimento da meta prevista para 2011, nota 4,6. Também nesta
etapa, todos os Estados chegaram às suas próprias metas. E, embora o Norte e
Nordeste ainda não estejam dentro da média nacional, conseguiram evoluir. Piauí
e Ceará se destacaram, superando as próprias metas em 0,8 e 0,9 ponto,
respectivamente.
A façanha, no entanto, não se repete nas séries seguintes avaliadas pelo
Ideb. Nas séries finais do ensino fundamental (de 5ª a 8ª série), cujas metas já
são menores, nem todos os Estados brasileiros conseguiram alcançar seus
objetivos. Sete ficaram com notas inferiores às previstas: Rondônia, Roraima,
Amapá, Pará, Sergipe, Espírito Santo e Rio Grande do Sul.
A média superou em 0,1 ponto a última nota (de 2009) e em 0,2 ponto a meta
prevista pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (Inep). A previsão era chegar a 3,9 e a média nacional ficou em 4,1. O
Estado que mais se destacou positivamente nesse quesito foi o Mato Grosso, que
superou a meta em 1 ponto e ficou com 4,5.
De acordo com relatório do Inep, a maioria dos municípios (77,7%) obteve o
desempenho esperado para 2011 nos anos iniciais do ensino fundamental. Número
que cai para 62,5% nas redes que atendem os finais dessa etapa. Em Roraima,
nenhum dos 14 municípios que tiveram nota calculada nesta edição do Ideb tiveram
a nota esperada.
O nó
A etapa em que as médias das redes ficaram mais baixas e alcançaram o menor
crescimento é o ensino médio. Com metas mais modestas – sair de 3,4 em 2005 para
3,7 em 2011 –, o Brasil conseguiu cumprir exatamente o combinado na época da
criação do Ideb, que faz parte do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE),
para o ano passado.
As desigualdades entre os Estados, no entanto, são mais evidentes nessa fase.
Dos 27 Estados, 11 não alcançaram as notas propostas para o ano passado. São
eles: Acre, Roraima, Pará, Amapá, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Minas
Gerais, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. Alguns, ainda
perderam notas em relação à última avaliação, como Alagoas (que caiu de 3,1 para
2,9), o Espírito Santo (caiu de 3,8 para 3,6) e o Rio Grande do Sul, que caiu de
3,9 para 3,7.
Somente três Estados têm médias superiores a 4: São Paulo, Santa Catarina e
Paraná. A rede privada, responsável por 12% das matrículas dessa fase, chegou ao
Ideb 5,7. A nota é inferior à meta – 5,8 –, mas esse foi o primeiro aumento da
rede privada desde a criação do índice.
Na opinião de Reynaldo Fernandes, ex-presidente do Inep e conselheiro
nacional de Educação, um dos criadores do indicador, os números revelam um
fenômeno percebido já em outras edições: é mais fácil crescer quando se tem uma
nota muito baixa. “O crescimento das cidades que estavam piores mostra que é
mais difícil melhorar quando já se tem boa qualidade”, diz.
Fernandes acredita que os dados do ensino médio precisam ser melhor avaliados
para compreender o que acontece com essa etapa do ensino. “Talvez, quando as
crianças que estão melhores nas séries iniciais chegarem lá no ensino médio, a
melhora será mais rápida”, diz.
O ex-ministro da Educação Fernando Haddad, responsável pela criação do
indicador, acredita que é “importante valorizar o trabalho das redes de ensino
que geraram esse resultado acima do previsto para o Brasil”. Ele ressalta o
cumprimento das metas nacionais para explicar que o lento crescimento do ensino
médio já era esperado. “A metade do caminho foi cumprida”, diz.
Os dados divulgados pelo Inep também revelam que a quantidade de estudantes
brasileiros matriculada nas escolas municipais com notas mais baixas diminuiu.
Em 2005, 7,1 milhões de alunos estudavam em colégios da 4ª série com notas até
3,7 no Ideb. Agora, são 1,9 milhão nessa faixa. A maioria está nas escolas com
Idebs que variam de 3,8 a 4,9 (4,8 milhões de estudantes). Nas melhores (com
média 6 ou mais), há 847,4 mil alunos.
Nos anos finais, a queda de matrículas nas redes com pior desempenho também
caiu. Em 2005, 7,6 milhões de estudantes estavam em sistemas educacionais com
índice de até 3,4. A maior parte está concentrada na faixa de desempenho que
varia de 3,4 a 4,4 (6,6 milhões). Nas melhores (com Ideb superior a 5,5), o
número é mínimo, 33,6 mil estudantes.
Redes estaduais
Para os especialistas, as greves nas redes estaduais podem explicar grande
parte das quedas nos desempenhos dos Estados no ensino médio. Em Minas Gerais,
que enfrentou uma greve de professores com mais de 100 dias de duração em 2011,
a nota baixou. Nos anos iniciais, porém, a rede estadual alcançou o Ideb mais
alto entre as escolas estaduais. A rede mineira ficou com 6,0, índice que o
Brasil tem como meta para 2021, seguida de Santa Catarina, com 5,7, e Distrito
Federal e São Paulo empatados em terceiro com índice 5,4.
Nos anos finais, a rede de Santa Catarina figura com o Ideb mais alto entre
as estaduais, 4,7, seguida por Minas Gerais, 4,4, e São Paulo e Mato Grosso
empatados em terceiro, com 4,3. Em 2009, as mesmas redes haviam alcançado os
maiores Idebs. O maior crescimento foi registrado por Santa Catarina, nos anos
iniciais, de 5,0 para 5,7.
Na outra ponta da tabela, com Idebs 40% menores, estão redes estaduais do
Nordeste e Norte. Alagoas teve o menor desempenho entre os Estados nos anos
iniciais (3,4) e finais (2,5) e foi a única rede a cair 0,2 pontos nos anos
finais, pois teve Ideb 2,7 em 2009 – o Paraná foi o outro Estado a regredir
nesta etapa, de 4,1 para 4,0.
Nos anos iniciais, Rio Grande do Norte (3,7), Bahia (3,8) e Amapá (3,9)
também tiveram resultados baixos. Nos anos finais, os Estados de Bahia, Sergipe,
Paraíba e Rio Grande do Norte estão empatados em penúltimo lugar, com índice
2,9. Em 2009, estes mesmos Estados ocupavam as últimas posições, no entanto,
todos registraram crescimento em 2011. O maior crescimento foi o da Bahia, nos
anos iniciais, que deixou a última posição em 2009 (3,2) e atingiu 3,8, o
terceiro menor resultado.
FONTE; IG.COM
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